risco de câncer

#Dano ao #DNA pode explicar associação do #álcool com o #risco de câncer

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A conscientização de que consumir álcool pode aumentar o risco de desenvolver câncer vem crescendo há alguns anos. Agora, uma pesquisa proveniente de um estudo com camundongos sugere uma explicação sobre como isso pode acontecer – beber álcool pode levar a danos no DNA das células-tronco.

Ao observar que alguns tipos de câncer estão associados ao dano ao DNA de células-tronco, o autor principal Dr. Ketan J. Patel, Laboratory of Molecular Biology, Cambridge Biomedical Campus, Reino Unido, disse:

“Enquanto alguns danos ocorrem por acaso, nossos resultados sugerem que consumir álcool pode aumentar o risco desse dano”.

A pesquisa foi publicada on-line em 3 de janeiro na Nature.

No estudo, observou-se que animais que não tinham uma enzima-chave envolvida no processamento dos subprodutos metabólicos do consumo de álcool, bem como animais sem uma proteína-chave de reparo de DNA, sofreram danos ao DNA após a exposição a pequenas doses de etanol. Os pesquisadores observaram cromossomos rearranjados e sequências de DNA permanentemente alteradas.

“Nosso estudo destaca que não ser capaz de processar o álcool de forma eficaz pode levar a um risco ainda maior de danos ao DNA relacionados ao álcool e, portanto, certos tipos de câncer”, disse o Dr. Patel em uma declaração.

No blog científico da Cancer Research UK, o Dr. Patel afirmou que, em ratos que não tinham a enzima que metaboliza o acetaldeído, ele e seus colaboradores “observaram enormes danos ao DNA” após apenas uma dose de etanol. O acetaldeído é o principal produto metabólico do álcool.

“Fragmentos de DNA foram excluídos, alguns foram quebrados e até observamos partes de cromossomos sendo movidos e rearranjados”, acrescentou.

O Dr. Patel observou: “Embora não tenhamos avaliado se esses camundongos tiveram câncer ou não, estudos anteriores mostraram que o tipo de dano ao DNA que observamos nesses camundongos pode aumentar consideravelmente o risco de câncer”.

Linda Bauld, especialista em prevenção do câncer da Cancer Research UK, que também é professora de políticas de saúde na University of Stirling, comentou no comunicado de imprensa: “Esta pesquisa instigante destaca o dano que o álcool pode fazer às células, custando a algumas pessoas mais do que apenas uma ressaca”.

   Esta pesquisa instigante destaca o dano que o álcool pode fazer às células, custando a algumas pessoas mais do que apenas uma ressaca Linda Baud

“Sabemos que o álcool contribui para mais de 12.000 casos de câncer no Reino Unido a cada ano, então é uma boa ideia pensar em reduzir o quanto se bebe”, disse ela.

Detalhes da pesquisa

Acredita-se que os efeitos tóxicos do álcool são causados pela oxidação dele a acetaldeído, que é altamente reativo ao DNA, explicam os pesquisadores.

Embora o acetaldeído seja oxidado a acetato pela enzima aldeído desidrogenase 2 (ALDH2), aproximadamente 540 milhões de pessoas carreiam um polimorfismo no gene ALDH2 que está associado a reações adversas ao álcool, e a aumento do risco de câncer de esôfago.

Apesar disso, muitos indivíduos com deficiência de ADLH2 toleram álcool, potencialmente por causa dos efeitos protetores da proteína de reparo do DNA FANCD2. Na verdade, a deficiência de FANCD2 leva à anemia de Fanconi, que causa desenvolvimento anormal, insuficiência da medula óssea e câncer.

Com a hipótese de que pelo menos algum dano causado pelo álcool ocorre nas células-tronco hematopoiéticas (CTHs), e observando que humanos e camundongos que não têm fatores de reparo de DNA estão sob risco de perda de CTH, a equipe realizou uma série de experimentos em camundongos que não tinham os genes ALDH2 e/ou FANCD2, juntamente com animais de tipo selvagem.

Os pesquisadores administraram soluções diluídas de etanol, por meio de injeções ou na água. Eles então realizaram análise de cromossomo e sequenciamento de DNA para avaliar o impacto do acetaldeído na expressão genética na medula óssea, no baço e no sangue, bem como nas populações de células-tronco hematopoiéticas.

A equipe observou que em camundongos ALDH2-negativos, a exposição aos aldeídos estimulou o reparo da recombinação, que não foi observado em animais negativos ao FANCD2, sugerindo que a desintoxicação é o principal mecanismo para a prevenção do dano do DNA.

Os resultados também mostraram que, quando os aldeídos causam danos, as células empregam mecanismos de reparo de recombinação homóloga e crosslink.

Pesquisas adicionais indicaram que, apesar da recombinação homóloga, a via de reparo crosslink da anemia de Fanconi é necessária para evitar quebras de cromossomos e perda da homeostasia no sangue.

Além disso, os pesquisadores observaram que, na ausência desse mecanismo de reparo, era necessário um reparo não-homólogo de terminações no sistema hematopoiético do camundongo para resistir ao dano endógeno e ao dano ao DNA induzido por acetaldeído.

Eles descobriram que as células-tronco hematopoiéticas de camundongos que não tinham os genes ALDH2 e FANCD2 estavam gravemente comprometidas funcionalmente, e compartilhavam características com células envelhecidas.

O dano pelo aldeído em células-tronco hematopoiéticas destes camundongos causou várias alterações entre cromossomos, incluindo uma média de dois rearranjos por genoma, mediada pelas quebras mutagênicas de dupla-fita de DNA em terminações, em comparação com células controle.

A equipe descobriu que o dano ao DNA causado por aldeídos induziu o p53, resultando em desgaste das células-tronco hematopoiéticas. Embora a deleção do p53 tenha resgatado completamente a depleção das células-tronco hematopoiéticas, não alterou o padrão ou a intensidade da instabilidade do genoma em células-tronco individuais.

“Nosso trabalho implica que a relação entre p53, reparo do DNA, e estabilidade do genoma, é mais complexa nas células-tronco do que o anteriormente considerado”, afirma a equipe. Os pesquisadores observam que os resultados têm implicações para indivíduos em quem a atividade de ALDH2 é deficiente.

“De forma mais geral, esta pesquisa fornece uma explicação plausível e simples para a associação epidemiológica estabelecido entre o consumo de álcool e o aumento do risco de câncer”, acrescentam.

A pesquisa foi financiada por Cancer Research UK, Wellcome, e Medical Research Council. O Dr. Patel recebe financiamento de Medical Research Council e Jeffrey Cheah Foundation. Dois coautores receberam financiamento de Cancer Research UK, e um coautor foi financiado por Wellcome Trust e King’s College, Cambridge.

Nature. Publicado on-line 3 de janeiro de 2017. Resumo

#ASCO declara pela primeira vez que o #consumo de álcool é fator de #risco de câncer

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Nick Mulcahy

Pela primeira vez, a American Society of Clinical Oncology (ASCO) declarou formalmente que o consumo de bebidas alcoólicas é um fator de risco para vários tipos de câncer, sendo potencialmente modificável.

Além disso, a sociedade de oncologia acredita que sua nova “postura pró-ativa”, com o objetivo de minimizar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, tem “implicações importantes para a prevenção do câncer”.

“Mesmo o uso parcimonioso do álcool pode aumentar o risco de câncer, mas os maiores riscos são observados com o uso frequente e prolongado de grandes quantidades”, escrevem os autores da declaração da ASCO, liderados pela Dra. Noelle LoConte, médica da University of Wisconsin-Madison.

“Por isso, coibir a ingestão de álcool é um meio de prevenir o câncer”, disse a Dra. Noelle em um comunicado. “A boa notícia é que, assim como as pessoas usam protetor solar para diminuir o próprio risco de câncer de pele, restringir a ingestão de álcool é mais uma atitude que as pessoas podem adotar para reduzir o risco geral de ter câncer”.

A declaração da ASCO, publicada on-line em 06 de novembro no periódico Journal of Clinical Oncology, recebeu ampla cobertura nos principais meios de comunicação.

“A mensagem não é ‘Não beba.’, mas sim ‘Se você quiser diminuir seu risco de ter câncer, beba menos. E se você não bebe, não comece a beber’, disse a Dra. Noelle ao The New York Times“. É diferente do que ocorre com o tabaco, para o qual dizemos: ‘Não fume nunca. Não comece.’ No caso da bebida isso é um pouco mais sutil”.

A sociedade de oncologia incentiva os oncologistas a se aliarem aos esforços da entidade: “Os oncologistas podem servir como consultores e líderes na comunidade, e podem ajudar a aumentar a conscientização de que o consumo de bebidas alcoólicas é um comportamento de risco para câncer”.

No entanto, a ASCO também diz que “os próprios médicos têm poucas informações acerca do uso de álcool e da relação dele com o risco de câncer”.

O público em geral também conhece pouco o assunto. Em uma pesquisa recente realizada pela sociedade, 70% dos americanos não reconheceram o consumo de bebidas alcoólicas como fator de risco de câncer, como publicado pelo Medscape.

“Em geral, as pessoas não associam o fato de beber cerveja, vinho e/ou bebidas destiladas ao aumento do risco de ter câncer”, disse o presidente da ASCO Dr. Bruce Johnson. “No entanto, a relação entre o maior consumo de bebidas alcoólicas e a incidência de câncer já foi inequivocamente comprovada”.

Na declaração, a ASCO observa que o consumo de bebidas alcoólicas tem associação causal com o câncer de orofaringe e laringe, o câncer de esôfago, o carcinoma hepatocelular, o câncer de mama e o câncer de cólon. Não obstante, o álcool pode ser fator de risco de outros tipos de neoplasias, como o câncer de pâncreas e os tumores gástricos.

No total, a ASCO estima que 5% a 6% dos novos tipos de câncer e das mortes por câncer em todo o mundo sejam diretamente atribuíveis ao álcool.

Uma série de mecanismos de causalidade pode estar em jogo, dependendo do tipo específico de câncer. Talvez o mais bem conhecido seja o efeito do álcool sobre os estrogênios circulantes, uma via relevante para o câncer de mama.

Nos Estados Unidos da América (EUA), a American Heart Association, a American Cancer Society e o US Department of Health and Human Servicesrecomendam atualmente que os homens limitem o consumo de bebidas alcoólicas a uma ou duas doses de bebida por dia e as mulheres a uma dose por dia.

Entretanto, os autores da declaração da ASCO argumentam que uma meta-análise observou que o consumo de uma dose ou menos por dia ainda assim foi associado a algum aumento do risco de carcinoma de células escamosas do esôfago, câncer de orofaringe e câncer de mama (Ann Oncol 2013;24:301-308).

Definir o risco relacionado com o consumo de bebidas alcoólicas pode ser “desafiador”, dizem os autores da declaração, porque a quantidade de etanol em uma bebida varia dependendo do tipo de bebida (por exemplo, cerveja, vinho ou bebidas destiladas), e da dose.

Dados conflitantes sobre o impacto do álcool no coração, especialmente o vinho tinto, são uma “barreira adicional” para enfrentar os riscos relacionados com o câncer. Mas pesquisas recentes (Addiction 2017;112:230-232) lançaram dúvidas sobre os estudos que declaram os benefícios do álcool à saúde do coração, revelando a existência de vários fatores de confusão, como a frequente classificação de pessoas que pararam de beber ou bebiam ocasionalmente como abstêmias, dizem os autores da declaração.

ASCO diz que se junta a um “número cada vez maior” de instituições de tratamento do câncer e aos órgãos de saúde pública que apoiam as estratégias destinadas a prevenir o consumo de alto risco de bebidas alcoólicas. A declaração oferece recomendações baseadas em evidências de políticas para a redução do consumo excessivo de álcool, como a seguir:

  1. Fazer o rastreamento do consumo de bebidas alcoólicas e intervenções breves em consultórios e ambulatórios.
  2. Regulamentar o número de estabelecimentos que vendem álcool por região.
  3. Aumentar os impostos e os preços das bebidas alcoólicas.
  4. Manter as restrições de dias e horários nos quais a venda de álcool é permitida.
  5. Melhorar a aplicação das leis que proíbem a venda a menores de idade.
  6. Restringir a exposição dos jovens aos anúncios de bebidas alcoólicas.
  7. Resistir à crescente privatização da venda de bebidas alcoólicas a varejo em comunidades onde atualmente o comércio de álcool encontra-se sob controle do governo.
  8. Incluir estratégias de controle do uso de bebidas alcoólicas nos planos abrangentes de controle do câncer.
  9. Apoiar os esforços para eliminar a prática de usar as campanhas relacionadas com o câncer de mama para promover produtos ou serviços (ou seja, dissuadir os fabricantes de bebidas alcoólicas de explorar a cor rosa, o “outubro rosa”, ou as fitas cor-de-rosa, com o intuito de insinuar um compromisso com promover a luta contra o câncer da mama, dadas a evidências de que o consumo de álcool está ligado ao aumento do risco de câncer de mama).

Dois dos cinco autores da declaração informam ter vínculos financeiros com laboratórios farmacêuticos.

J Clin Oncol. Publicado on-line em 07 de novembro de 2017. Declaração

#Indústria do #álcool minimiza deliberadamente o #risco de câncer

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Kristin Jenkins

A indústria de bebidas alcoólicas está deliberadamente enganando o público e os responsáveis pela elaboração de políticas sobre o risco de câncer relacionado com o consumo de álcool, particularmente o câncer de mama e o câncer colorretal, no intuito de proteger seus lucros à custa da saúde pública – exatamente como o fez a indústria do tabaco, dizem pesquisadores.

A análise qualitativa de todos os textos relacionados com o câncer encontrados em websites e em documentos de 26 organizações da indústria do álcool revela que a maioria das informações deturpa abertamente as evidências sobre a associação entre o álcool e o câncer, dizem Mark Petticrew, PhD, professor de avaliação de saúde pública na Faculty of Public Health and Policy da London School of Hygiene and Tropical Medicine,no Reino Unido, e colaboradores.

No total, 24 websites de organizações contêm omissões significativas e/ou falsas declarações sobre as evidências que relacionam o consumo de álcool com o aumento do risco de muitos tipos de câncer, dizem os autores do estudo em um artigo publicado on-line em 7 de setembro no periódico Drug and Alcohol Review.

“Costumávamos presumir que, de modo geral, a indústria do álcool, ao contrário da indústria do tabaco, tendia a não negar os prejuízos causados pelo álcool”, escrevem os pesquisadores. Nossa análise mostra que, ao contrário, a indústria do álcool em todo o mundo está divulgando atualmente de forma pró-ativa informações enganosas sobre o consumo de álcool e o risco de câncer, particularmente o câncer de mama (…)  A dimensão real e a natureza dessas atividades requerem uma investigação urgente”.

O estudo demonstra que a indústria do álcool e seus parceiros de comunicação ou SAPROS, a saber, organizações de aspectos sociais e relações públicas (acrônimo do inglês s ocial aspects and public relations organizations), incentivam o “consumo responsável” usando a negação, a distorção e a distração (ou os “três Ds” do inglês: d enial, distortion, and distraction). Essas estratégias correspondem às da indústria do tabaco, e permitem que os produtores de álcool mantenham “a ilusão de retidão” diante dos responsáveis pela elaboração de políticas, ao mesmo tempo que eliminam todo e qualquer impacto negativo significativo no consumo das bebidas alcoólicas ou nos seus lucros”, dizem os autores do estudo.

“O paralelo mais óbvio é com a campanha de décadas da indústria mundial de tabaco para enganar o público sobre o risco de câncer, que também usou as organizações de frente e as atividades de responsabilidade social corporativa para enganar o público”, escrevem os autores. “Nossas descobertas são também um lembrete do risco inerente de outorgar à indústria do álcool a responsabilidade de informar o público sobre a relação entre o álcool e a saúde”.

Mesmo o consumo de pequenas quantidades de álcool está associado ao aumento do risco de pelo menos sete tipos de câncer (boca, faringe, laringe, esôfago, fígado, mama e intestino – câncer colorretal), dizem os pesquisadores, observando que a indústria do álcool usa a negação ou a omissão para contestar essas informações. As táticas de distorção mencionam o câncer, mas deturpam o risco real, e a tática da distração é usada para afastar a mensagem dos efeitos independentes do álcool nos tipos comuns de câncer, especialmente no câncer de mama e no câncer colorretal.

Contrariamente à indústria do tabaco, os grandes produtores mundiais de álcool ainda têm acesso aos departamentos de saúde do governo e mantêm o status de parceiros, ou partes interessadas nas reuniões da Organização Mundial de Saúde sobre as questões internacionais de saúde relevantes para a indústria do álcool, dizem Petticrew e colaboradores.

“A indústria do álcool participa da elaboração de políticas relacionadas com o álcool em muitos países, e da divulgação de informações referentes à saúde para o público, inclusive para crianças em idade escolar. Os responsáveis pela elaboração de políticas, os acadêmicos, a saúde pública e outros profissionais, devem reconsiderar a adequação de suas relações com esses representantes da indústria do álcool”.

Quando solicitado a comentar, Tim Stockwell, PhD, diretor do Center for Addictions Research of British Columbia, e professor do departamento de psicologia da University of Victoria,na Colúmbia Britânica, Canadá, concordou. “Eu faço meus os comentários dos autores, de que provavelmente eles só examinaram a ponta do iceberg da influência indevida da indústria do álcool nas informações públicas sobre álcool e saúde”, disse ele ao Medscape.

“Pessoalmente não estou surpreso com essas descobertas, porque tenho testemunhado em primeira mão as tentativas de negar, distorcer ou simplesmente minimizar as evidências sobre os impactos negativos do álcool na saúde feitas pelos altos representantes da indústria do álcool em vários países, bem como pelos órgãos internacionais do setor”.

Um arsenal de estratégias de influência nas mídias sociais em constante expansão, como o financiamento de grupos de especialistas “independentes” e de pesquisas universitárias, e o trabalho para conquistar um lugar nas mesas de discussão de políticas nacionais e internacionais, permitiu que a indústria do álcool exercesse “uma influência indevida sobre as informações públicas sobre o álcool e a saúde”, disse Stockwell, que não participou do estudo.

“As consequências dessas atividades justificam o ponto de vista de que a própria indústria do álcool é uma ameaça à saúde e à segurança pública. Uma dica seria dizer para se pensar em ‘indústria do álcool’, pensar ‘indústria do tabaco’ ao visualizar os recursos produzidos pelos órgãos da indústria de bebidas”, sugeriu.

   Uma expressão melhor seria “bebida de baixo risco”, pois isso reconhece o fato de que mesmo o consumo de uma pequena quantidade de álcool é um fator de risco de câncer. Tim Stockwell

Não existe algo como “consumo responsável” quando se trata das consequências em longo prazo para a saúde associadas ao consumo de álcool, acrescentou. “Uma expressão melhor seria ‘bebida de baixo risco’, pois isso reconhece o fato de que mesmo o consumo de uma pequena quantidade de álcool é um fator de risco de câncer”.

Informações sobre o consumo de álcool

Na análise os pesquisadores identificaram todas as informações disponíveis sobre o consumo de álcool e o câncer no website do Global Alcohol Producers, e em seus relatórios de atualização, de setembro a dezembro de 2016. Os autores também analisaram todo o conteúdo relacionado com a saúde nas seções de responsabilidade social corporativa de 27 websites de produtores de álcool. Um site estava inacessível, então 26 foram analisados.

Os pesquisadores descobriram que cinco organizações da indústria do álcool negaram a associação entre o álcool e pelo menos um tipo de câncer. As informações fornecidas pela International Alliance for Responsible Drinking ( IARD ), por exemplo, afirmam que “pesquisas recentes sugerem que o consumo leve a moderado de álcool não está significativamente associado a aumento do risco total de câncer em homens ou mulheres”. Da mesma forma, a Éduc’al-cool (Quebec, Canadá) declarou que “alguns estudos mostram uma relação entre o álcool e o câncer de mama na mulheres antes e depois da menopausa. No entanto, não foi demonstrada nenhuma relação causal entre o consumo moderado de álcool e o câncer de mama”.

Para distorcer o vínculo entre o álcool e o risco de câncer, 12 das 20 SAPROS alegaram que o risco de alguns tipos comuns de câncer existe apenas para certos padrões de comportamento de consumo de bebidas alcoólicas, como o consumo intenso prolongado ou o beber compulsivamente. A página da web DrinkWise (em português: “beba com sabedoria”, da Austrália) afirma que “o  risco de câncer associado ao consumo de álcool está relacionado com os padrões de consumo de álcool, particularmente beber muito durante longos períodos de tempo”, por exemplo. O site da International Alliance for Responsible Drinking faz declarações semelhantes, como, “em geral, os tipos de câncer relacionados com o álcool foram associados ao consumo excessivo de álcool”.

Oito dos sites das SAPROS usam a tática da distração para conduzir a discussão para longe dos efeitos independentes do álcool no aumento do risco de tipos comuns de câncer, mostra o estudo. No site TalkingAlcohol.com, por exemplo, SABMiller parece insinuar que o álcool está associado apenas a formas menos comuns de câncer de mama: “Estudos recentes indicam que o consumo de álcool pode estar mais fortemente relacionado com determinada forma menos comum de câncer de mama (câncer lobular), do que com o tipo mais comum de câncer de mama (câncer ductal)”.

Algumas empresas da indústria do álcool chegam inclusive a afirmar que o consumo de álcool é protetor contra o câncer, particularmente nos fumantes. O site da SABMiller afirma que o consumo moderado de álcool pode ser relacionado com menor risco de câncer de bexiga, rim, ovário e próstata, ressaltam os pesquisadores. Além disso, a International Alliance for Responsible Drinking insiste que “foi demonstrado que entre os fumantes de longa data, o consumo de álcool é protetor contra adenomas colorretais”.

As duas áreas de desinformação mais frequentes se concentram no câncer de mama e no câncer colorretal, ressaltam os autores do estudo. No total, 21 organizações apresentam informações enganosas sobre o câncer de mama ou não apresentam nenhuma informação, e 22 apresentam informações enganosas sobre o câncer colorretal ou não apresentam nenhuma informação, dizem eles.

Embora a amplitude do estudo fortaleça sua possibilidade de generalização, sua principal fraqueza é o fato de não ter examinado outros mecanismos de divulgação de informações sobre saúde, como pelo Twitter ou em congressos e campanhas publicitárias. “Entretanto, não parece plausível que a indústria adote mensagens diferentes em relação ao câncer em diferentes canais de comunicação, embora esta seja uma questão importante para novas pesquisas”, escrevem Petticrew e colaboradores.

“Também é possível que essas fontes da indústria citem de forma inapropriada, ou mostrem fora de contexto, as opiniões de especialistas ou outros comentários incluídos”.

Também é necessário fazer uma análise mais aprofundada do viés de citação por meio da “escolha seletiva” das evidências pela indústria do álcool, assim como o acompanhamento rigoroso das informações produzidas por novos órgãos da indústria do álcool, como a Alcohol Information Partnership. Outros sites da indústria, documentos, redes sociais, e outros tipos de material também devem ser examinados “para avaliar a natureza e a extensão da distorção das evidências, e se isto se estende a outras informações sobre saúde – por exemplo, em relação às doenças cardiovasculares. Também são necessárias pesquisas comparativas entre as indústrias e outras áreas de política de álcool, a fim de examinar a distorção de evidências da indústria”.

Necessidade de alertas explícitos sobre os malefícios à saúde

Stockwell recomenda que se dê prioridade a limitar “a perigosa influência dos grupos da indústria do álcool nas comunicações públicas sobre o álcool” suspendendo definitivamente o financiamento do governo e a colaboração com as organizações da frente do setor. Os grupos da indústria do álcool devem ser obrigados por lei a veicular alertas explícitos sobre a saúde, e declarações públicas de conflitos de interesse em quaisquer informações sobre saúde que divulgarem, e os médicos devem ser extremamente criteriosos sobre as suas fontes de informações sobre o álcool”, disse ele.

   O álcool nas bebidas alcoólicas é reconhecido como cancerígeno e não existe um nível seguro para o consumo. Tim Stockwell

Todos os recipientes de álcool deveriam conter mensagens importantes sobre a saúde, e essas mensagens deveriam incluir informações sobre os diversos riscos para a saúde relacionados com o uso de álcool, mesmo moderado, acrescentou.

“A noção de que o álcool nas bebidas alcoólicas é reconhecidamente cancerígeno e que não há um nível seguro deve fazer parte dessas informações”, disse Stockwell ao Medscape.

Os médicos devem ser extremamente criteriosos com as próprias fontes de informações relacionadas ao álcool, aceitando apenas fontes imparciais e independentes que, idealmente, sejam peer-reviewed (revisadas por especialistas), e não estejam vinculadas a nenhum tipo de financiamento de grupos com interesses comerciais, aconselhou Stockwell. Os médicos também precisam manter o ceticismo ao serem apresentadas “boas notícias” que minimizam os riscos, ou enfatizam os potenciais benefícios do álcool, e se manterem alertas sobre a própria tendência a contemporizar, quando se trata de álcool, advertiu.

“Existe uma tendência na profissão médica de subestimar os efeitos do álcool sobre a saúde e, de fato, há evidências consideráveis de que as profissões relacionadas com a medicina costumam ter alto risco de problemas relacionados com o álcool”, disse ele.

A boa notícia é que os médicos podem desempenhar um papel crucial no enfrentamento do impacto das mensagens enganosas sobre o risco de câncer relacionado com o álcool. As evidências mostram que os pacientes são mais propensos a aceitar conselhos sobre o próprio comportamento em relação ao álcool quando estes conselhos são dados por um médico ou algum outro profissional de saúde, destacou Stockwell.

“Existem boas evidências de que mesmo conselhos simples para reduzir o consumo podem ser eficazes, especialmente se isso for reforçado nas futuras consultas”, disse Stockwell.

   Conselhos sobre consumo de baixo risco ou abstinência devem fazer parte dos programas de rotina no tratamento do câncer. Tim Stockwell

Medidas pró-ativas, como a triagem dos pacientes para fatores de risco comportamentais (por exemplo, consumo de álcool) também são importantes, particularmente para os pacientes com maior risco de doença grave, ou para aqueles que já foram diagnosticados.

“Há evidências de que o consumo de álcool pode aumentar a velocidade de crescimento dos tumores e, portanto, o aconselhamento sobre consumo de baixo risco ou abstinência deve ser parte integrante dos programas de rotina de tratamento de câncer”, observou Stockwell.

Os autores do estudo e Stockwell informaram não possuir conflitos de interesses relevantes ao tema.

Drug Alcohol Rev. Publicado em 7 de setembro de 2017. Resumo

#”Pneus” na cintura aumentam mais o #risco de câncer do que aumento do #IMC e do #percentual de gordura corporal

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Alexander M. Castellino, PhD

Madri, Espanha – Mais do que o excesso de peso por si só, a obesidade central – definida como o aumento da proporção entre a gordura no tronco e a gordura periférica – faz com que as mulheres depois da menopausa tenham maior risco de receber um diagnóstico de câncer, apontou um estudo apresentado no congresso de 2017 da European Society for Medical Oncology (ESMO).

“Essas descobertas impulsionam as prioridades de controle de peso para as mulheres nesta faixa etária, cuja tendência é ganhar peso abdominal”, disse a pesquisadora do estudo Line Maersk Staunstrup, MSc, doutoranda na Nordic Bioscience and ProScion, em Herlev (Dinamarca).

“Ao estimar o risco de câncer, o índice de massa corporal (IMC) e o percentual de gordura podem não ser medidas adequadas porque não avaliam a distribuição da gordura corporal”, explicou a pesquisadora. “A gordura não é apenas gordura, mas o local no corpo onde é armazenada é importante”, acrescentou a autora.

“Nosso estudo mostra que evitar a obesidade central pode conferir maior proteção”, disse Line.

O estudo e os resultados dinamarqueses

Prospective Epidemiologic Risk Factor foi um estudo de coorte observacional e prospectivo destinado a aprofundar o conhecimento acerca das doenças relacionadas com a idade nas mulheres depois da menopausa na Dinamarca.

De 1999 a 2001, foram recrutadas 5.855 mulheres (média de idade de 71 anos). Os pesquisadores obtiveram informações clínicas e demográficas. A densitometria óssea foi realizada no momento do recrutamento. A densitometria óssea é a maneira mais precisa de verificar a massa óssea, a massa magra e a massa de gordura, observam os autores.

Os dados foram subgrupados em três categorias diferentes: câncer de mama e/ou ovário, câncer pulmonar e/ou gastrointestinal, e outros tipos de câncer. Os modelos de regressão de risco proporcional de Cox foram utilizados para examinar a associação entre a distribuição da gordura corporal e o risco de incidência de câncer, ajustados por fatores de risco convencional, como o índice de massa corporal.

Os diagnósticos de câncer e as informações sobre as causas de morte foram obtidos de diferentes registros dinamarqueses até 2012. O acompanhamento durou em média 12 anos.

Usando informações obtidas dos registros nacionais de câncer, os pesquisadores do estudo descreveram 811 tumores nas mulheres, e mostraram que a obesidade central foi um indicador independente significativo para o diagnóstico de câncer até 12 anos após o início do estudo (hazard ratioHR = 1,30; intervalo de confiança, IC, de 95%, de 1,11 a 1,52; < 0,001). Surpreendentemente, observou Line, nem o IMC nem o percentual de gordura representaram um risco significativo para o diagnóstico de câncer.

Especificamente, houve 293 casos de câncer de mama e ovário, 345 casos de câncer de pulmão e de sistema digestivo, e outros 173 tipos de câncer. Entre esses grupos de câncer, a obesidade central só foi fator de risco de diagnóstico de câncer para o câncer de pulmão e o câncer de sistema digestivo (HR = 1,42; < 0,01).

Line também ficou surpresa com o fato de que a obesidade central não foi um fator de risco independente para o diagnóstico de câncer de mama e de ovário.

Os pesquisadores determinaram que apenas os tumores de pulmão e do sistema digestivo estavam associados à obesidade central (para câncer de pulmão: HR = 1,68; IC de 95%, de 1,12 a 2,53; P < 0,05; para câncer do sistema digestivo: HR = 1,34; IC de 95%, de 1,0 a 1,8; P < 0,05).

Outros fatores de risco de câncer adicionais foram idade avançada, uso de terapia de reposição hormonal e tabagismo. Entretanto, após o ajuste para esses fatores de risco, a proporção da gordura permaneceu sendo um fator de risco independente, informaram os autores do estudo.

“As mulheres mais velhas podem muito bem usar essa informação, já que se sabe que a transição da menopausa inicia uma modificação que leva à deposição da gordura corporal na região central do tronco. Portanto, as mulheres devem prestar atenção especial ao próprio estilo de vida quando se aproximam da menopausa”, disse Line.

“Além disso, os médicos podem usar essas informações para ter uma conversa sobre prevenção com as mulheres que têm maior risco de câncer. Embora os médicos tenham acesso a aparelhos de densitometria de corpo inteiro na maioria dos hospitais, foram disponibilizados no mercado aparelhos portáteis, o que pode permitir o exame ósseo e da gordura regional. No entanto, este pode não ser o método mais confiável para medir a obesidade central”, concluiu a pesquisadora.

Comentando o estudo, o Dr. Andrea De Censi, médico do Ospedali Galliera, em Genova (Itália), disse que o estudo fornece uma confirmação importante do papel da obesidade, e particularmente da resistência à insulina, na etiologia de vários tipos de câncer.

“Embora a obesidade tenha sido previamente relacionada com o risco de câncer, a ligação dela com o câncer de pulmão é nova e intrigante”, disse o médico em um comunicado à imprensa.

“O aumento dos níveis de insulina, resultantes do consumo excessivo de carboidratos simples como batatas, trigo, arroz e milho, resultam no acúmulo de gordura, especificamente visceral e abdominal”, explicou o Dr. De Censi. A insulina também exerce efeitos prejudiciais na produção hormonal, e as células adiposas aumentam a inflamação crônica em todo o corpo, outro fator de risco para vários tipos de câncer.

“Estes dados abrem a porta para que os médicos iniciem uma série de intervenções para os pacientes obesos. Além da perda de gordura com dieta e exercícios, pode haver algum papel para os medicamento contra o diabetes, como a metformina, que pode diminuir os efeitos da insulina e contribuir para a prevenção do câncer”, disse o Dr. De Censi.

Os autores informaram não ter nenhum conflito de interesse relativo ao tema.

Congresso de 2017 da European Society for Medical Oncology (ESMO). Apresentado em 10 de setembro de 2017. Resumo 1408P.

Ganho de peso acentuado na vida adulta aumenta risco de câncer

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LIVERPOOL, REINO UNIDO — Os indivíduos que ganham uma quantidade acentuada de peso durante a idade adulta e passam para outra categoria de índice de massa corporal (IMC) têm um risco marcadamente aumentado para cânceres relacionados à obesidade, indicam os resultados de uma grande análise.

Homens que passaram do peso normal para o excesso de peso durante a idade adulta tiveram um risco aumentado em 50% de desenvolver neoplasias malignas relacionadas à obesidade em comparação com os homens que apenas ganharam peso de forma constante e permaneceram em um peso saudável.

Entre as mulheres, um aumento do IMC do peso normal para a obesidade durante a idade adulta foi associado a um risco aumentado em 17% para tumores malignos relacionados à obesidade em comparação com as mulheres que permaneceram em um peso saudável.

“Esta pesquisa mostra o quão importante é avaliar o ganho de peso ao longo da vida de uma pessoa para ter uma imagem mais clara do risco de câncer durante a vida, em comparação com a avaliação do IMC de alguém em um único ponto”, comentou a pesquisadora principal Hannah Lennon, da University of Manchester e do Health Research Center, no Reino Unido.

Hanna apresentou as conclusões na Conferência de Câncer de 2016 do National Cancer Research Institute (NCRI), em Liverpool.

“Este estudo fornece um entendimento mais profundo das implicações para a saúde causadas pela epidemia de obesidade”, comentou a diretora do NCRI, Karen Kennedy. “Ele ajuda a ilustrar como o risco pode se acumular ao longo do tempo para pessoas diferentes e pode fornecer aos profissionais de saúde um meio de avaliar o risco de um indivíduo”.

Detalhes do estudo

Para a análise atual, os pesquisadores examinaram dados de aproximadamente 300.000 indivíduos de uma coorte americana que incluiu aproximadamente 117.500 homens e 111.500 mulheres para os quais estavam disponíveis quatro medidas de IMC.

A equipe buscou avaliar mudanças no IMC que ocorreram entre as idades de 18 e 65 anos. Eles usaram modelos longitudinais de classe latente para agrupar as trajetórias do IMC ao longo do tempo, a partir das quais cinco trajetórias específicas por sexo puderam ser definidas.

Em homens, as trajetórias observadas foram as seguintes:

  • magro, aumento moderado (68,1%)
  • magro, aumento acentuado (4,8%);
  • mediano, aumento acentuado (31,7%); e
  • aumento muito acentuado (3,4%)

Em mulheres, as trajetórias observadas foram as seguintes:

  • magro, estável (32,6%)
  • magro, aumento moderado (41,1%)
  • magro, aumento acentuado (21,1%)
  • aumento muito acentuado (3,5%)

Para determinar o risco de desenvolver tumores malignos relacionados à obesidade, foram usados dados de acompanhamento que cobriram um período de 15 anos, em média.

Os pesquisadores observam que a maioria da população masculina do estudo caiu no grupo de magro com aumento moderado (68%), o que eles usaram como referência. Comparado a este grupo, houve um aumento significativo nas odds ratio (OR) ao longo da vida para o desenvolvimento de neoplasias malignas relacionadas à obesidade (hazard ratio, HR = 1,24) no grupo mediano, que apresentou um aumento acentuado no IMC. Aumentos ainda maiores no risco de câncer foram observados no grupo magro com aumento acentuado (HR = 1,50) e no grupo com aumento muito acentuado (HR = 1,53).

Apenas um terço das mulheres neste estudo caiu no grupo magro e estável (33%), que foi usado como referência. Em comparação com este grupo, as OR de desenvolvimento de tumores malignos relacionados à obesidade em todos os outros grupos foram elevadas. Para as mulheres no grupo magro com aumento moderado, HR = 1,07; para mulheres no grupo magro com aumento acentuado, HR = 1,17; e para as mulheres no grupo com aumento muito acentuado de peso, HR = 1,16.

Não houve associação significativa entre neoplasias malignas não relacionadas à obesidade e a trajetória do IMC.

Mensagens públicas mais específicas?

Discutindo a razão para avaliar a associação entre a trajetória do IMC, e não a uma única medida, e o risco de câncer, Hanna disse ao Medscape que é sabido que “muitos tipos de câncer levam anos ou décadas para se desenvolver”.

“Estamos muito conscientes de que há uma associação positiva forte entre obesidade e neoplasias malignas relacionadas à obesidade, mas essa relação foi estabelecida avaliando o IMC de um indivíduo em um único momento”, ela comentou.

Hanna destacou que para o tabagismo existe uma associação forte e evidente entre o risco de desenvolver um câncer e o período de tempo que um indivíduo fuma, assim como com o quanto ele fuma.

“Estávamos tentando argumentar que o seu IMC em um único ponto nos fornece alguma medida do quanto você está exposto à obesidade, mas estamos mais interessados em como você alcançou esse IMC”, disse a pesquisadora.

Em outras palavras, o objetivo foi identificar pessoas que haviam sido relativamente magras por toda a vida e, então ganharam peso rapidamente, ao contrário de pessoas que ganharam peso em um ritmo constante. “Estamos tentando quantificar esse desenvolvimento do IMC ao longo da vida, em vez do IMC em um único momento, que é a novidade neste trabalho”, disse ela.

Os pesquisadores esperam que os resultados possam ser usados para desenvolver mensagens mais específicas de saúde pública e “tratamentos precisos” para os pacientes.

Hanna disse: “Esperamos que ao fazer esta pesquisa, e prosseguindo com algo muito similar que já temos planejado na sequência, seja possível identificar quando alguém em uma idade muito jovem está em uma trajetória prejudicial, e intervir em um estágio mais precoce para tentar mudar essa situação”.

Sir. Harpal Kumar, diretor-executivo da Cancer Research UK, descreveu o estudo como uma abordagem “muito interessante” para o estudo do risco ao longo da vida para tumores malignos relacionados à obesidade, e destacou a importância de divulgar essa mensagem ao público em geral.

“Embora não haja garantias contra a doença, manter um peso saudável pode ajudar a aumentar as chances de evitá-la, e também apresenta muitos outros benefícios”, disse ele em um comunicado à imprensa.

“Fazendo pequenas mudanças na alimentação, no consumo de bebidas, e adotando uma rotina de exercícios à qual seja possível aderir em longo prazo, é uma boa maneira de chegar a um peso saudável e mantê-lo assim”.

Este trabalho foi financiado pela Cancer Research UK como parte da Iniciativa Nacional de Conscientização e Diagnóstico Precoce e foi patrocinado pelo Instituto Farr. Os autores revelaram não possuir conflitos de interesses relevantes ao tema.

Conferência de Câncer de 2016 do NCRI. Sessão de pôsteres. Apresentado em 9 de novembro de 2016. Resumo