Medicina Física y rehabilitacion

Como evitar incontinência urinária na gestação?

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incontinência urinária na gestação

A incontinência urinária afeta milhões de brasileiros, principalmente mulheres, levando à piora da qualidade de vida, com grande prejuízo social, emocional e dificuldades no relacionamento uma vez que pode ter perda urinária durante o coito. Sua prevalência é subestimada, pois muitas vezes as pacientes não relatam o sintoma por acharem normal ou até por vergonha.

É uma patologia mais frequente pós-menopausa devido à redução de colágeno e de estrógeno com enfraquecimento da musculatura pélvica. Situações que levam a aumento da pressão intra-abdominal ou alteração da qualidade dos tecidos são fatores de risco para surgimento da incontinência urinária de esforço, como por exemplo número elevado de gestações, tabagismo, tosse crônica e obesidade. A via de parto vaginal, em uma revisão sistemática, mostrou dobro de risco de aparecimento de incontinência urinária em comparação com cesárea após início de trabalho de parto e triplo de risco se comparado com cesárea eletiva.

Em mulheres jovens, a gestação é um dos principais fatores associados ao surgimento de incontinência urinária, devido ao grande volume uterino levando a aumento da pressão intra-abdominal principalmente no terceiro trimestre e também alterações hormonais com aumento de progesterona, relaxina responsável por frouxidão das articulações e redução de colágeno, há interferência na força e na função esfincteriana.

Estudo recente

Artigo publicado em dezembro na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia buscou avaliar a prevalência e possíveis fatores de risco mais associados à incontinência urinária em gestantes. Foi um estudo caso controle realizado pela PUC do Rio Grande do Sul em 2017 com avaliação de 70 gestantes entre 12-20 semanas, gestação de feto único e sem antecedente de partos prévios ou cirurgias pélvicas, diabetes crônico ou doenças neurológicas. Elas foram submetidas a questionário específico sobre sintomas urinários [ICIQ-UI SF], diário miccional de 3 dias e exame físico uriginecológico, incluindo a classificação de prolapsos (POP-Q), teste de esforço com volume residual e avaliação da musculatura de assoalho pélvico. Quando diagnosticadas com incontinência, essas pacientes eram encaminhadas à fisioterapia.

Enquanto alguns estudos relatam uma prevalência de incontinência urinária em gestantes de até 75% a depender da população e dos hábitos, neste estudo, a prevalência foi de 18,3% e o tabagismo foi o único fator com significância estatística encontrado com aumento de 8 vezes no risco de incontinência urinária nas gestantes, estando o sintoma presente em 57,1% das tabagistas e em apenas 14,3% das não fumantes. As pacientes incontinentes apresentaram maior média de IMC (33 kg/m2) enquanto as continentes 29,5kg/m2, esta diferença não teve diferença estatística, mas vai ao encontro dos dados da literatura que definem a obesidade um marcador de risco para incontinência urinária. Não houve diferença nos parâmetros de POP-Q e no diário miccional entre as gestantes com ou sem perda urinária.

Por que o tabaco aumenta tanto o risco de incontinência urinária?

O monóxido de carbono presente no cigarro interfere no transporte de oxigênio aos tecidos, levando à atrofia da musculatura. Além do próprio efeito irritativo da nicotina sobre o músculo detrusor. E outro motivo é que tabagistas apresentam tosse frequente, com constante aumento na pressão vesical e na musculatura pélvica, podendo desencadear danos à inervação dessa musculatura.

Mensagem prática

A presença de incontinência urinária deve ser sempre questionada em consulta pelo ginecologista e a redução de fatores de risco modificáveis como tabagismo e obesidade deve ser sempre estimulada. O encaminhamento à fisioterapia para exercícios pélvicos na gestação pode levar a melhora dos sintomas e melhor qualidade de vida para essas mulheres.

Autor(a):

Juliana Alves Pereira Matiuck Diniz

Graduação em medicina pela UNICAMP ⦁ Residência de Ginecologia e Obstetrícia pela UNICAMP ⦁ Especialização em endoscopia ginecológica no Hospital Pérola Byington ⦁ Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia

Referências bibliográficas:

  • Caruso FB et al. Risk Factors for Urinary Incontinence in Pregnancy: A Case Control StudyRev. Bras. Ginecol. Obstet[online]. 2020, vol.42, n.12, pp.787-792. Epub 11-Jan-2021. ISSN 1806-9339. doi: 10.1055/s-0040-1718951. ISSN 0100-7203.

O que fazer após ter um AVC? Reabilitar

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O AVC (Acidente Vascular Cerebral ou Encefálico) é uma lesão adquirida do cérebro causada por oclusão de um vaso sanguíneo ou fornecimento de sangue inadequado, levando a infarto (morte) ou sangramento dentro do cérebro. Os sintomas dependem da localização da lesão no cérebro.

O que fazer após ter um AVC?

Como uma lesão no cérebro gera sintomas no corpo?

O cérebro funciona como se fosse uma central de comando de uma grande empresa: cada parte do cérebro envia a ordem através dos neurônios (“funcionários”), sendo que cada grupo desses “funcionários” é responsável por uma tarefa específica em nosso corpo. Uma parte, por exemplo, é responsável pelo movimento da mão direita, enquanto outra fica encarregada da fala. Então, quando há uma lesão no cérebro, como no AVC, aquela parte do corpo perde “o comando” e então surgem os sintomas.

O mesmo se aplica a outros tipos de lesões, como TCE (Trauma Cranio-Encefálico), Tumores e Lesões Anóxicas-Hipóxicas (falta de oxigenação no cérebro).

O AVC isquêmico (obstrução a passagem de sangue no cérebro) é o mais comum. É consequência de doenças crônicas como aterosclerose, hipertensão arterial e embolia. Outros fatores de risco são idade, tabagismo, diabetes mellitus, obesidade, estilo de vida sedentário e hiperlipidemia.

Os outros 15% são AVCs hemorrágicos, resultados de hemorragias hipertensivas, aneurismas vasculares malformações.

Geralmente os pacientes que sobreviventes evoluem, em menor ou maior grau, com dificuldades em realizar as atividades de vida diária (AVDs) transitórias ou permanentes.

Os sintomas variam desde dificuldades simples no dia-a-dia até alterações no andar, mexer o corpo, comunicar, engolir, pensar e lembrar, como também nas funções sexuais, intestinais e urinárias. Pode aparecer dor e depressão. As dificuldades podem levar a isolamento social e agravar sintomas depressivos. Em casos graves, o indivíduo pode não ser capaz de viver de forma independente, necessitando de um cuidador.

Reabilitação

De preferência, além da equipe médica assistente, todo paciente com AVC deve ser avaliado pela equipe de Reabilitação, composta pelo médico Fisiatra e Terapeutas. O tempo ideal é após 24 horas do AVC, pois assim, consegue-se elaborar o Programa de Reabilitação nas fases Aguda, Subaguda/Transição e Crônica e otimizar a melhora do paciente.

Os locais que ocorrem a reabilitação são: Intra-Hospitalar (casos agudos), Unidades de Transição (Serviço de Saúde que irá “preparar” o paciente para a alta com Reabilitação Intensiva) e Ambulatorial.

A realidade no Brasil infelizmente é que a maioria dos casos acabam chegando ao Fisiatria na fase crônica (após 3 meses de lesão), mas ainda é possível melhorar muita coisa.

O programa de reabilitação deve ser individualizado com base da gravidade e natureza das incapacidades causadas pelo AVC e deve incorporar diretrizes baseadas em evidências.

O que avaliar:

  • Anamnese e Exame Físico Fisiátrico;
  • Funcionalidade;
  • Dor;
  • Espasticidade;
  • Sono;
  • Humor;
  • Esfincteres;
  • Pele;
  • Retaguarda Familiar e Transporte;
  • Interação Social e Trabalho;
  • Avaliar e conversar sobre prognósticos funcionais;
  • Indicar Órteses, Meios auxiliares de Locomoção;
  • Realizar Procedimentos em Dor e Espasticidade;
  • Avaliar qual o melhor método e tempo de Reabilitação;
  • Prescrição de Terapias e Gestão de Equipe Interdisciplinar.

Como um paciente que teve AVC obtém melhora?

Uma lesão cerebral, é como “uma ponte que caiu”, ou seja, os comandos não passam mais por aquele caminho. O cérebro então vai aos poucos criando atalhos e os neurônios vão fazendo novas conexões. Isso se chama Neuroplasticidade. Incrível, não é mesmo?

A melhora é lenta, gradual e geralmente não é total, além de ser dependente de muitas variáveis. Por isso, os cuidados devem ser individualizados e as demandas acolhidas. O caminho é prolongado e tem o objetivo de melhorar não só a função total, mas de otimizar a qualidade de vida e reinserção social.

Autor(a):

Carmen Orrú

Formada pela Universidade São Francisco ⦁ Médica Fisiatra (Medicina Física e Reabilitação) pela FMUSP-SP ⦁ Membro da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação ⦁ Médica Residente em Eletroneuromiografia/Neurofisiologia Clínica pela FMUSP-SP ⦁ E-mail para contato: contato@dracarmencaroline.com.br

Referências bibliográficas:

  • Fronteira W, Rizzo ST. Essentials of Physical Medicine and Rehabilitation: Musculoskeletal Disorders, Pain, and Rehabilitation. Elsevier Saunders, 3rd edition, 2014.
  • Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com acidente vascular cerebral / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. 72p. : il.
  • AHA/ASA Guideline. Guidelines for Adult Stroke Rehabilitation and Recovery A Guideline for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association (Stroke. 2016;47:000-000. DOI: 10.1161/STR.0000000000000098.)

Dor crônica e reabilitação pós-infecção por Covid-19

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Representação gráfica do vírus causador da Covid-19, que pode causar dor crônica e gerar a necessidade de reabilitação após a internação

Junto com o aparecimento da mais nova doença que domina o mundo atual, o Covid-19, surgiram complicações pós-internação hospitalar, a longo termo, principalmente nos pacientes mais graves que necessitam de tratamento em unidade de terapia intensiva, o que cria a necessidade de reabilitação pós-internação.

Sabe-se que cerca de 17% dos pacientes que são hospitalizados com a forma severa do Covid-19, necessitam de ventilação mecânica e cuidados intensivos. Sabe-se também que a infecção por Covid-19 não é somente uma infecção de acometimento respiratório, mas também de outros órgãos e sistemas como: coração, rim, sistema neurológico e sistema hematológico. Devido a isso, estudos vêm demonstrando que grande parte desses pacientes apresenta no período pós alta hospitalar algumas complicações clínicas, principalmente relacionadas a quadro de dor crônica, que deve ser avaliado e tratado adequadamente.

Atualmente, existe uma tendência ao call to action de equipes de reabilitação multidisciplinar para avaliar e promover uma reabilitação tanto física como mental desses pacientes. Essa característica está sendo descrita atualmente como síndrome pós-tratamento intensivo que influencia de maneira extremamente relevante na qualidade de vida desses pacientes.

Causas

O risco de desenvolvimento de dor crônica nos pacientes tratados de Covid-19 pode ser estabelecido sobre alguns pilares. Alguns fatores desencadeantes baseiam-se principalmente no foco único do tratamento da patologia em si, negligenciando mesmo que inconscientemente (principalmente pelo grande número de pacientes assim como pelo número reduzido de equipe treinada), outros sintomas durante a internação, como dor e desconforto que criam gatilhos para o desenvolvimento da dor crônica.

Os pacientes sobreviventes ao Covid-19 que necessitam de tratamento intensivo passam por períodos prolongados de imobilização, sedação e ventilação mecânica, assim como a administração de bloqueadores neuromusculares e corticoides por um longo período, levando ao aparecimento da weakness ICU-acquire, uma síndrome de fraqueza motora associada a grandes períodos de internação em unidades fechadas. Essa síndrome evolui com fraqueza motora, dores articulares, contraturas, miopatias, polineuropatias e atrofia muscular.

A presença de dor aguda, não tratada adequadamente no início da internação, causada pelos próprios procedimentos rotineiros de manipulação do paciente, como intubação, ventilação mecânica, aspiração constante de vias aéreas, troca de decúbito, punções venosas e outros procedimentos invasivos contribuem fortemente como gatilho para o desenvolvimento do quadro de dor crônica e alterações psíquicas e comportamentais.

Além disso, a necessidade da realização de pronação em muitos pacientes para melhora do padrão ventilatório pode levar a lesões de plexo braquial, subluxações articulares e pequenos danos teciduais que podem evoluir para lesões neuropáticas com parestesias, paresias e dor crônica de algum membro.

Comorbidades

Fatores relacionados ao próprio paciente como idade mais avançada e o tropismo do vírus por pacientes com comorbidades como diabetes e obesidade também contribuem para o desenvolvimento de dor crônica nesse período.

Outro fator importante, porém ainda em estudo, é a probabilidade do acometimento do sistema nervoso pelo próprio vírus levando a lesão neural com o desenvolvimento de polineuropatias e até casos de síndrome de Guillain-Barré. A Covid-19 por si, também está intimamente relacionado a quadros álgicos como mialgia, artralgia, cefaleia intensa, dor retro-orbitária, dor abdominal e dor torácica e até pacientes que não necessitam de internação hospitalar em algumas situações precisam ser submetidos a tratamento à base de opioides.

Devido a maioria desses fatores descritos acima e com o avanço de maiores conhecimentos relacionados ao Covid-19, atualmente existe uma grande necessidade de acompanhamento com reabilitação multidisciplinar, pós alta hospitalar desses pacientes. O tratamento adequado da síndrome de dor crônica que vem acometendo grande parte dessa população torna-se imprescindível para um retorno mais rápido e adequado as atividades laborativas e sociais. Apesar dos tratamentos clínicos atuais terem bastante significância na boa evolução da doença aguda, um novo desafio emerge em relação a cuidados das sequelas promovidas pelo Covid-19.

Autor(a):

Gabriela Queiroz

Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Ministério da Educação (MEC) ⦁ Pós-Graduação em Anestesiologia pelo Centro de Especialização e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET/SBA) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) ⦁ Ênfase em cirurgias de trauma e emergência, obstetrícia, plástica estética reconstrutiva e reparadora e procedimentos endoscópicos ⦁ Experiência em trauma e cirurgias de emergência de grande porte, como ortopedia, vascular e neurocirurgia ⦁ Experiência em treinamento acadêmico e liderança de grupos em ambiente cirúrgico hospitalar ⦁ Orientadora acadêmica junto à classe de residentes em Anestesiologia ⦁ Orientadora e auxiliar em palestras regionais e internacionais na área de Anestesiologia.

Referências bibliográficas:

  • Kemp HI, Corner E, Colvin LA. Chronic pain after COVID-19: implications for rehabilitation. British Journal of Anaesthesia. 2020;125 (4): 436e449. doi: 10.1016/j.bja.2020.05.021
  • Stam HJ, Stucki G, Bickenbach J. Covid-19 and post intensive care syndrome: a call for action. J Rehabil Med. 2020 Apr 15;52(4):jrm00044. doi: 10.2340/16501977-2677.
  • Kemp HI, Laycock H, Costello A, Brett SJ. Chronic pain in critical care survivors: a narrative review. Br J Anaesth. 2019 Aug; 123(2): e372–e384. doi: 10.1016/j.bja.2019.03.025

Dor no ombro e síndrome do manguito rotador

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médica mexendo em ombro de paciente com síndrome do manguito rotador

ombro é uma das articulações mais móveis do corpo e também mais sujeito a lesões. A dor no ombro é a terceira causa mais comum de dor musculoesquelética. Cerca de sete em cada dez pessoas terão dor no ombro alguma vez na vida.

O que é manguito rotador do ombro?

O chamado manguito rotador é a união de tendões musculares em volta da articulação do ombro, formando uma “pequena manga”. Os tendões atuam como “cordas de ancoragem” entre músculos e ossos.

É composto por quatro músculos: subescapular, supraespinhal, infraespinhal e redondo menor, os quais possuem a função de realizar os movimentos de abertura (abdução) e rotações do ombro, além de “manter a articulação no lugar certo”. A lesão mais comum é do tendão do músculo supraespinhal.

Síndrome do manguito rotador

É um espectro de afecções que envolvem a articulação do ombro, como tendinites, bursites, rupturas de tendão e síndrome do impacto. As causas de dor podem ser por lesões por uso repetitivo, lesões esportivas e também por degeneração e desuso secundária ao envelhecimento.

Ao longo da idade, os episódios repetidos de inflamação e alterações degenerativas nos tendões, deixam o ombro mais susceptível a dor. Movimentos que antes eram fáceis de fazer, começam a gerar incômodo.

Sintomas

A dor no ombro pode ocorrer em repouso, movimento ou até durante o sono. Também podem ocorrer fraqueza, diminuição de amplitude de movimento, resultando em dificuldades nas atividades do cotidiano, domésticas, trabalho e até atividade simples de autocuidado, como pentear o cabelo e enganchar o sutiã nas costas.

Diagnóstico e tratamento

Como a síndrome do manguito rotador é de origem multifatorial, o diagnóstico é feito através do exame físico e exame de imagem direcionados.

O tratamento visa melhorar a dor e o movimento. O primeiro passo baseia-se em opções não cirúrgicas, como medicações orais, tópicas, intra-articulares, meios físicos e exercícios de flexibilidade, fortalecimento, propriocepção, mobilização articular do ombro e cintura escapular. É importante reeducar o movimento em atividades do dia a dia e evitar elevação do membro superior acima da altura do ombro.

Existem novos estudos em Medicina Regenerativa e uso do PRP (plasma rico em plaquetas), que aparentam ser promissores, mas ainda sem indicação formal.

A cirurgia, por sua vez, é reservada para quadros refratários e que não melhoraram com tratamento clínico.

As complicações mais temidas na dor em ombro talvez sejam a dor crônica e a diminuição do arco do movimento, dificultando atividades simples do cotidiano. Por isso, em qualquer idade, é importante mantê-los fortalecidos e ativos.

Autora:

Carmen Orrú

Formada pela Universidade São Francisco ⦁ Médica Fisiatra (Medicina Física e Reabilitação) pela FMUSP-SP ⦁ Membro da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação ⦁ Médica Residente em Eletroneuromiografia/Neurofisiologia Clínica pela FMUSP-SP ⦁ E-mail para contato: carmencaroline.o@gmail.com

Referências bibliográficas:

  • Frontera, wr et al. Essentials of physical medicine and rehabilitation: Musculoskeletal disorders, pain, and rehabilitation. Fourth edition. Elsevier, 2019.

#La mitad de los españoles con #dolor muscular toma #analgésicos frente a otras posibles soluciones

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Expertos fisioterapeutas y de Uriach han presentado los datos del ‘I Estudio Fisiocrem sobre Salud Muscular en España’.

El dolor de cuello es uno de los más frecuentes entre los españoles.
El dolor de cuello es uno de los más frecuentes entre los españoles.

El 51% de los españoles que sufren problemas musculares recurre a los analgésicos para aliviar su dolor. En cambio, un 41% realizar estiramientos frente a un 34% que usas geles, cremas o esprays y un 30% que acude a un especialista médico. Admás, quienes optan por los geles y cremas lo hacen por su efectividad inmediata (51%), la sensación reconfortante al usarlo (39%), comodidad (37%) y precio adecuado (19%). Estos son los resultados del I Estudio Fisiocrem sobre Salud Muscular en España, presentado este jueves.

Fernando Ramos, presidente de la Asociación Española de Fisioterapeutias, que ha participado en la rueda de prensa on line, ha expuesto que “el ciudadano ha asumido una cultura de tomar analgésicos y antinflamatorios porque es lo que le receta el médico cuando va a la consulta por este problema, salvo que tenga un traumatismo y le mande una radiografía”. A su juicio, se deben crear nuevos circuitos asistenciales dentro del sistema sanitario para atender a estos pacientes, más allá de las prescripción de fármacos, y fomentar hábitos saludables y prácticas efectivas, como el automasaje, de tal manera que se evite la cronificación de la afección”.

El trabajo se ha realizado con una muestra de 2.505 personas estratificadas por edades (de entre 25 y 65 años), sexo y comunidades autónomas y muestra que 9 de cada 10 españoles refiere molestias y dolores musculares y de esas 9, 1 de cada 4 las sufre con mayor o menor intensidad de forma cotidiana, “lo que refleja que es un problema que afecta a muchas personas”, como ha interpretado Javier Navarro, director del Área de Consumer Health de Uriach España.

La espalda, lo que más duele

Según los datos obtenidos, la espalda es la zona del cuerpo que más dolor genera; de hecho, lo sufren el 86% de los encuestados, seguido del cuello (54%), piernas (26%), rodilla (23%), muñecas (21%), brazos (20%), manos (15%) y pies (13%).

Entre las causas que están detrás de estos trastornos, el 45% achaca sus dolores musculares a las cargas excesivas de peso, y el 41% a los largos periodos de tiempo sentado frente al ordenador y a los episodios de estrés. El 35% dice que es por permanecer extensos periodos de pie sin descanso y el 34%, por malas posturas al dormir.

Al presidente de los fisioterapeutas, le llama la atención los datos de este estudio porque, en la actualidad, cuando se están introduciendo tantas mejoras en los entornos laborales y se están llevando a la práctica los conceptos ergonómicos se produzcan tantos problemas que afectan a la salud muscular. Según su experiencia, influyen tres factores: estar mucho tiempo en la misma posición, el estrés al que está sometida la población y el sedentarismo, “qué hace la gente cuando sale del trabajo y cómo contrarresta los factores desencadenantes del dolor”. Sobre este último punto, ha sido muy contundente: “Estamos atentando contra la fisiología del organismo diseñado para moverse y lo condenamos al sedentarismo”.

Asimismo, dispositivos como los smarthpones tampoco lo ponen fácil, ya que se está extendiendo su uso al ámbito laboral haciendo un uso excesivo del mismo. “Esto no lleva a tener posturas forzadas para las muñecas, hombros y cervicales“, que acaban resintiéndose, ha constatado Ramos. Y ha añadido: “El ciudadano tiene que ser la solución a sus problemas y no echar la culpa al trabajo o al estrés; por tanto, debe mantener una actividad física adecuada“.

Por una buena salud muscular

Y es que, como ha apuntado Crys Dyaz, fisioterapeuta, entrenadora personal y exdeportista de elite, el ejercicio físico aporta muchos beneficios, más allá de fomentar la autoestima y provocar felicidad, “repercute en la postura; aumenta la masa muscular, tan importante para la protección de los huesos y las articulaciones, y mejora el bombeo de la sangre“. Es más, ha explicado que quienes tienen una buena salud muscular tardan menos tiempo en recuperarse de una lesión, con independencia de los medios que tenga a su alrededor que contribuyan a la mejoría.

Al ejercicio físico, Dyaz añade otros factores que contribuyen a una buena salud muscular, como son la alimentación y el descanso, “que van más allá de tener una buena silla o un buen colchón”.

 

#Un nuevo indicador clasifica a los pacientes con #lesiones cervicales en función de la gravedad de su limitación articular

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Los resultados del estudio realizado por enfermeros y fisioterapeutas están publicados en la revista Plos One y suponen un cambio en la valoración del latigazo cervical consecuencia de muchos accidentes de tráfico.

Un equipo de investigación compuesto por profesores de la Escuela de Enfermería y Fisioterapia (EUEF) San Juan de Dios-Comillas, investigadores pertenecientes al Grupo Sanitario Fisi(ON) e investigadores de la Universidad de Almería han diseñado una nueva forma de clasificar a los lesionados cervicales que complementa las clasificaciones ya existentes.
Un equipo de investigación compuesto por profesores de la Escuela de Enfermería y Fisioterapia (EUEF) San Juan de Dios-Comillas, investigadores pertenecientes al Grupo Sanitario Fisi(ON) e investigadores de la Universidad de Almería han diseñado una nueva forma de clasificar a los lesionados cervicales que complementa las clasificaciones ya existentes.

Las lesiones traumáticas de la columna cervical producidas por un accidente de tráfico pueden ser limitantes y potencialmente graves. Hasta ahora, no obstante, al valorar las lesiones cervicales no se tenía en cuenta la gravedad de la limitación articular producida por el traumatismo, y se confiaba en llegar a un buen diagnóstico basándose exclusivamente en los síntomas reportados por el paciente.

Precisamente por ello, un equipo de investigación compuesto por profesores de la Escuela de Enfermería y Fisioterapia (EUEF) San Juan de Dios-Comillas, investigadores pertenecientes al Grupo Sanitario Fisi(ON) e investigadores de la Universidad de Almería han diseñado una nueva forma de clasificar a los lesionados cervicales que complementa las clasificaciones ya existentes, cuyos resultados se han publicado en la revista científica Plos One.

Una nueva clasificación

Los resultados de esta investigación ponen negro sobre blanco una nueva clasificación para el manejo de pacientes con lesiones cervicales. Se trata de NFHAS (Neck Functional Hollistic Anlysys Score), que puede reemplazar a los parámetros hasta ahora existentes, que datan del siglo pasado.

Uno de los principales hallazgos de esta investigación ha sido descifrar la relación entre los diagnósticos clásicos (latigazo cervical/whiplash, esguince cervical, cervicalgia…) y la gravedad de la limitación que presentaban los pacientes.

“La gravedad de la limitación es un parámetro fundamental a la hora de tomar decisiones en el tratamiento y, por tanto, es muy importante conocer si al asignar un diagnóstico más grave: esguince cervical grado 3 en vez de grado 1, existe una relación con esta limitación”, explica Alberto Fidalgo, responsable técnico del departamento de Biomecánica de Fisi(ON),

Diagnósticos más precisos

Según Fidalgo, “los resultados obtenidos de una muestra de 772 pacientes con lesiones cervicales diagnosticadas tras un accidente de tráfico demuestran que los diagnósticos no se asignan en función de la gravedad de los signos observados, por lo que parece un sistema de clasificación de las lesiones poco útil. En esta coyuntura diseñamos el NFHAS, que es un nuevo indicador que permite clasificar a los pacientes en función de la gravedad de su limitación”, dice.

Según los expertos que han participado en este estudio, los diagnósticos de patología cervical leve (cervicalgia, latigazo cervical, esguince cervical) no fueron diseñados para estadificar correctamente a los pacientes de acuerdo con su deterioro o no son suficientemente sensibles al mismo y por tanto no deberían ser usados como descripción de la gravedad de las lesiones cervicales.

“En cambio, el NFHAS está directamente relacionado con el ROM disponible y sirve como una buena herramienta para clasificar a los pacientes en grupos con lesiones significativamente distintas según el deterioro del movimiento”.

Cómo es el movimiento cervical

Para Julio de la Torre, jefe de estudios de Enfermería de la EUEF San Juan de Dios-Comillas, la clasificación tiene en cuenta el movimiento cervical en su conjunto, “lo cual cambia el paradigma actual por el cual se analizan individualmente los distintos planos del movimiento, facilitando así la labor asistencial de asignar una gravedad a las lesiones y vincular los hallazgos con el nivel de dolor reportado por el paciente”.

En esta investigación también se ha utilizado técnicas de biomecánicas modernas, como el análisis de movimiento mediante sensores de movimiento inercial.

“La precisión de esta tecnología y su objetividad han sido claves para la creación de esta clasificación. Sin el uso de estas tecnologías hubiese sido imposible distinguir la gravedad de la lesión más allá de los síntomas reportados por el paciente”, indica María Jesús Martínez, profesora de Fisioterapia de la EUEF ‘San Juan de Dios’-Comillas y especialista en biomecánica.

El tratamiento de los pacientes con lesiones cervicales podría mejorarse clasificando la gravedad de la discapacidad generada por la lesión

Añade, además, que los resultados han sido asombrosos, “ya que no solo se clasifica en grupos distintos a los lesionados, sino que estos grupos responden de manera distinta a la rehabilitación”.

Este nuevo índice ya está incluido en los sistemas EBI (Estudio Biomecánico Integral) y se aplica en todas las valoraciones que se realizan actualmente con el sistema. Con este índice los clínicos pueden saber en todo momento el estado funcional de movilidad en que se encuentra un paciente y de esta manera tomar decisiones informadas sobre su manejo.

Lesiones de columna, las más dañinas

Las lesiones traumáticas de la columna cervical se encuentran entre las lesiones de tráfico que pueden causar más daño a una persona. La clasificación de subtipos de presentaciones clínicas ha sido un método utilizado en otras patologías para diagnosticar de manera más eficiente y abordar el tratamiento y determinar el pronóstico.

“El tratamiento de los pacientes que sufren lesiones cervicales podría mejorarse clasificando la gravedad de la discapacidad. Esto permitirá a los médicos proponer mejores modalidades de tratamiento según la gravedad de la lesión”, concluyen los expertos.

#Por que jovens estão desenvolvendo #problemas na coluna típicos dos mais velhos?

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Problemas de coluna atingem mais jovens da população

Pacientes cada vez mais jovens estão procurando atendimento médico com queixas de dores na coluna. Os principais motivos para essa crescente demanda vêm de questões genéticas, mas também do estilo de vida.

“Hoje, pessoas na faixa dos 20 anos reclamam de problemas na coluna que até uma década atrás eram comuns somente em maiores de 50. E ainda há um aumento na procura por cirurgia de coluna para pacientes na faixa dos 40 anos devido a complicações que antes eram vistas apenas em pacientes com 60, 65 anos”, comparou João Bergamaschi, ortopedista especialista em cirurgia de coluna, coordenador da pós-graduação em cirurgia endoscópica da Universidade de São Paulo (USP) e diretor da Clínica Atualli Spine Care, em entrevista ao Portal de Notícias da PebMed.

 

Celular, o grande vilão da coluna vertebral

Dentro deste cenário, as mudanças no estilo de vida são as que mais chamam a atenção. Ser sedentário e passar mais da metade do dia sentado, no trabalho e depois em casa, diante da televisão, do smartphone ou do videogame, são situações que provocam sobrecarga na coluna. Levando assim à perda e enfraquecimento da musculatura.

Para o cirurgião João Bergamaschi, o sedentarismo e a obesidade causam o surgimento de outras comorbidades, que acabam afetando demais, não somente a coluna, mas o corpo inteiro. E contribuindo para o surgimento de problemas mais precocemente.

“A atividade física tem peso enorme na prevenção do problema, a ponto de fazer com que um obeso ativo fique menos suscetível a ter complicações na coluna do que um magro sedentário”, afirmou o médico.

Na opinião do coordenador de pós-graduação da USP, estamos sofrendo de uma pandemia de mau uso da tecnologia, como o celular, a TV e o computador. Mas, segundo o médico, sem dúvida o celular está sendo o grande responsável pela criação de uma geração de “cabeça baixa”.

“Fazemos parte de uma geração de indivíduos que fica prestando atenção somente na telinha do celular e não percebe o que acontece ao nosso redor. E, com isso, estamos assumindo o risco de desenvolver problemas na nossa coluna vertebral, principalmente na cervical.

Ele esclarece que o uso crônico de uma forma errada de utilizar o smartphone pode acelerar problemas degenerativos em indivíduos mais jovens. “O celular é o grande vilão da nossa coluna vertebral’, frisa João Bergamaschi.

 

Cirurgia endoscópica

Hoje é possível oferecer aos pacientes, mesmos nos casos mais graves e complexos, procedimentos endoscópicos por vídeos que dispensam, muitas vezes, a necessidade de internação, de uma anestesia geral, de cortes grandes que acabam limitando, retardando demais a recuperação e a reabilitação desse indivíduo.

“Apesar de existir há mais de dez anos, a técnica vem sendo realizada no país de forma mais significativa nos últimos três anos porque mais centros de saúde têm oferecido o método, mais cirurgiões têm se especializado nele e o paciente o prefere por ser seguro, mais tranquilo e assegurar uma rápida recuperação.

A intervenção é realizada em ambulatório, em 15 a 30 minutos. O paciente vai para casa andando duas horas depois. Retoma o trabalho a partir de três dias e pode começar a se exercitar após uma semana.

“E, vale ressaltar, que uma vez realizada a cirurgia endoscópica, as chances de o paciente voltar a ter problemas na coluna, mesmo que ele não faça nada para se prevenir, giram em torno de apenas 5%”, completa o cirurgião.

Para João Bergamaschi, sem dúvida nenhuma, o desenvolvimento e o aprimoramento das técnicas endoscópicas da coluna vertebral estão transformando as intervenções de cirurgias de coluna.

Outro campo que está sendo muito desenvolvido na medicina é a da infiltração, cita o médico.

“E aí nesta área podemos utilizar uma diversa gama de medicamentos para tentar impedir ou até reverter a degeneração do disco ou das articulações da coluna. Em breve, possivelmente, teremos mais novidades”, aposta o cirurgião.

 

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

  • Entrevista com João Bergamaschi

#Dor no calcanhar? Pode ser #fascite plantar

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Paciente em atendimento devido fascite plantar

O que é fáscia plantar? É uma “capa” de tecido conjuntivo fibroso e pouco elástico, que recobre a sola do pé. A fascite plantar é uma das causas mais comuns de dor no calcanhar. Estima-se que até 15% de todos os adultos terão essa dor alguma vez na vida. Ocorre devido a microtraumas de repetição por uso excessivo, causando alterações inflamatórias no calcâneo.

É comum em trabalhos que exijam muito tempo em pé, em indivíduos obesos, sedentários e também atletas corredores por uso excessivo. Alterações anatômicas como pés planos ou cavos, pronação excessiva, bem como contratura tendínea calcâneo desempenham um papel no desenvolvimento da doença.

Historicamente, a fascite plantar esteve associada com esporões de calcanhar, entretanto, estudos posteriores mostraram que a presença ou o tamanho do esporão não indicam necessariamente a fascite plantar ou gravidade dos sintomas.

 

Sintomas

Classicamente, a dor é pior pela manhã, imediatamente após o primeiro contato do pé no chão ao se levantar da cama, e nos primeiros passos (discinesia pós-cinética). Melhora ao longo do dia e depois tem nova piora ao final do dia. Os pacientes descrevem uma dor ardente e pontada no compartimento medial do calcanhar.

Não causa dormência ou parestesias. Esses sintomas devem alertar o médico para diagnósticos diferenciais.

Exame físico

É essencial para diferenciar a fascite versus outras causas de dor no calcanhar.

Dor sobrejacente a tuberosidade medial do calcâneo na origem da fáscia plantar é um achado clássico. A dor piora na dorsiflexão dos dedos, especificamente na articulação metatarsofalângica, pois tensiona a fáscia.

Deve-se avaliar a amplitude de movimento de tornozelo, pois pode estar limitada na dorsiflexão do tornozelo, devido contraturas de tendão calcâneo ou músculos do tríceps sural (músculos da panturrilha).

Os testes de força, sensibilidade e reflexos estão normais.

 

Exames de imagem

O diagnóstico é clínico. Os exames de imagem servem para o diagnóstico diferencial.

A radiografia de calcâneo é útil para verificar fraturas e esporão.

A ressonância magnética pode ser indicada para descartar outras patologias, incluindo compressões de nervos (síndrome do túnel do Tarso), infecção, tumor ou fratura por estresse.

A cintilografia óssea é capaz de avaliar fraturas, principalmente por estresse.

O ultrassom, por sua vez, tem sido usado para demonstrar espessamento na origem da fáscia plantar.

Diagnósticos diferenciais

  • Compressão do nervo tibial (síndrome do túnel do Tarso posterior);
  • Dor neuropática (história de álcool ou diabético);
  • Radiculopatia S1;
  • Fraturas por estresse no calcâneo;
  • Osteomielite;
  • Malignidade;
  • Doença de Paget do osso;
  • Síndrome de Haglund (deformidade óssea na região póstero-superior do calcâneo);
  • Tendinopatia de Aquiles;
  • Atrofia de gordura;
  • Artrite reativa ou espondiloartrite reumatológica.

 

Tratamento

Dado que a fascite plantar é principalmente um problema mecânico, os tratamentos conservadores são terapia de primeira linha. Métodos não cirúrgicos devem ser tentados por, pelo menos, seis meses antes dos procedimentos invasivos. A melhora ocorre em 95% dos casos.

Basicamente, a reabilitação engloba:

  • Gelo local;
  • Elevação do pé;
  • Repouso relativo;
  • Exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos da panturrilha, intrínsecos dos pés, pernas, coxas e core;
  • Liberação miofascial;
  • Correção de alterações biomecânicas e marcha;
  • Medicações para dor e anti-inflamatórios;
  • Avaliação para uso de órteses/talas e palmilhas;
  • Calçados adequados (evitar sapatos com solado reto ou saltos muito altos);
  • Evitar andar descalço nas fases agudas.

Estudos mostram que os alongamentos repetitivos (várias vezes ao dia) têm maior benefício do que apenas uma sessão de alongamento por dia.

Em casos recidivantes, pode-se pensar em infiltrações ou na terapia por ondas de choque.

Autora:

Carmen Orrú

Formada em 2013 pela Universidade São Francisco (USF) ⦁ Médica Fisiatra (Medicina Física e Reabilitação) pela FMUSP-SP (2017 – 2020) ⦁ R4 – Residência Médica em Eletroneuromiografia/Neurofisiologia Clínica pela FMUSP-SP (2020 – 2021) ⦁ Experiência de 3 anos em Médica Clínica Geral e Saúde da Família e Comunidade (2014 – 2017) ⦁ E-mail para contato: carmencaroline.o@gmail.com

Referência bibliográfica:

  • Frontera WR, et al. Essentials of physical medicine and rehabilitation: Musculoskeletal disorders, pain, and rehabilitation, 4th Elsevier, 2019.

#Síndrome pós-covid: uma condição que pode durar meses

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Mulher permanece cansada após alta de infecção por Covid-19, o que pode ser Síndrome de Fadiga Crônica

A Síndrome de Fadiga Crônica (SFC) é uma condição cujo principal sintoma é a presença de fadiga que piora com atividade física e ou mental, mas não melhora com o repouso. Ela persiste por um período maior que seis meses, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Diversos estudos realizados em instituições de saúde diferentes pelo mundo apontam a presença de fadiga como um sintoma preponderante de Covid-19. Tanto na fase aguda quanto na fase de convalescência. A incidência varia de 70 a 90% no período agudo, associada ao quadro febril, e de 37 a 53% no período de convalescência. Em um estudo observacional chinês, a fadiga persistiu por mais de 60 dias após a cura.

Especialistas ressaltam que ainda é cedo para tirar todas as conclusões sobre a doença. “A fadiga pode ser intensa para quem teve o diagnóstico positivo para a Covid-19, mas convém separar do conceito de síndrome de fadiga crônica. Tendo em vista que a maioria dos pacientes ainda não alcançou o período de seis meses de cura clínica/laboratorial para serem classificados como tal”, diz a reumatologista Selma Merenlender, diretora técnica do Centro Multidisciplinar Fluminense e ex-presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (SRRJ), em entrevista ao Portal de Notícias da PebMed.

 

Fatores que podem contribuir para a fadiga

“Pacientes que tiveram necessidade de oxigenação, geralmente, principalmente aqueles que estiveram em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs), necessitando de intubação traqueal, apresentaram mais fadiga após a recuperação da Covid-19. Hipóteses de que as alterações imunológicas, metabólicas e do sistema nervoso possam ter responsabilidades pelo aparecimento deste sintoma ainda são especulativas. Assim como também o são na síndrome da fadiga crônica”, pontua Paulo Roberto Stocco Romanelli, médico especialista em Reumatologia e Reumatologia Pediátrica, e médico do Núcleo Avançado de Reumatologia do Hospital Sírio Libanês (NARe), em entrevista ao Portal de Notícias da PebMed.

De acordo com Selma Merenlender, a fadiga é um achado clínico frequente. Não somente em doenças autoinflamatórias como o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), como também nas infecções bacterianas crônicas, nas micobacterioses e nas viremias crônicas, em especial hepatites e Epstein Barr (VEB).

“Acredita-se que a fadiga esteja ligada a altos níveis de Interleucina 6, que além de produzir o cansaço é responsável por diversas alterações hepáticas e indutora de anemia. Altos níveis de Interleucina 6 são encontrados em pacientes em fase crítica de Covid-19. Em especial os que evoluem com a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAV), como também naqueles que desenvolvem fenômenos trombóticos. O fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF) é encontrado em níveis séricos elevados nas fases graves da sepse viral da doença, assim com a Interleucina 1beta. Todas estas citocinas são capazes de produzir febre e fadiga”, esclarece Selma Merenlender.

 

Outros fatores

Níveis elevados de citocinas são encontrados até por mais de 30 dias após a resolução dos sintomas clínicos, pela manutenção de linfócitos T e B ativos. A recuperação da homeostase do sistema imune pode demorar até 60 dias.

Ainda segundo a reumatologista, outro fator que pode contribuir para a fadiga observada em pacientes com Covid-19 é a hiperativação da tiroide durante a fase aguda da infecção e naqueles com baixa reserva folicular, quadros de hipotiroidismo podem se estabelecer, acumulando fatores para a fadiga.

Os médicos devem considerar, em especial nos idosos, a insuficiência da glândula suprarrenal, que ocorre com frequência após a sepse. A anemia por consumo e/ou hemólise durante a sepse viral também pode ser fator que pode contribuir para a fadiga. E, dependendo das reservas de ferro do paciente, pode persistir além da fase de convalescência.

Já Paulo Romanelli chama a atenção para os variados graus de mialgias/miosites. O consumo de massa muscular, a anemia, os acometimentos pulmonares e cardíacos, além da utilização de diversos medicamentos — como corticosteroides, anestésicos e antibióticos — que também podem ser os responsáveis pelo aparecimento da fadiga crônica no período de convalescença. Este que, por sua vez, será tanto maior quanto maiores forem as sequelas oriundas dos diversos graus do processo inflamatório originado pelo novo coronavírus.

É importante lembrar que fatores psicológicos também podem contribuir para a fadiga relacionada à doença.

 

Tratamento e reabilitação

Como a Covid-19 é uma doença nova, os pesquisadores ainda não conseguiram estudar o tempo de recuperação e quais podem ser as implicações a longo prazo.

Especialistas concordam que não há um tratamento específico para a fadiga pós-Covid-19: a única alternativa é, basicamente, tentar aliviar os sintomas do paciente.

“A recuperação é variável, sobretudo dependente da gravidade do quadro clínico, comorbidades pré-existentes e idade do paciente. Ainda não existe dado consensual sobre este assunto, com variações em diferentes estudos. Segundo um estudo italiano, se os sintomas iniciais forem leves, entre 2-3 semanas poderá haver uma boa recuperação. Casos mais graves podem levar 60 dias ou mais, onde os principais sintomas persistentes são fadiga, dispneia, dores articulares e torácicas. Muitas vezes pode ser necessária a utilização de medicamentos que visem um melhor bem-estar destes pacientes, como ansiolíticos e antidepressivos, nas situações de alteração do humor. Assim como orientação para suporte psicológico com profissional adequado”, afirma Paulo Romanelli.

O que tem sido feito?

Diversas abordagens estão sendo estudadas para esses pacientes. Por exemplo, a reposição de vitaminas, a suplementação de micronutrientes, como magnésio, zinco e ferro, aminoácidos como arginina e o tratamento das lesões orgânicas, como o hipotiroidismo e hipocortisolismo. Diversos pacientes necessitaram de tratamento para as manifestações neuropsiquiátricas.

O exercício físico deverá ser iniciado ou restabelecido de forma gradativa e muito mais lentamente em sua progressão.

“A fadiga relacionada à Covid-19 deverá ter uma abordagem terapêutica multidisciplinar. É de extrema importância que o paciente entenda que esse sintoma poderá persistir por períodos longos. Costumo usar uma analogia com o fim de uma festa: a música já acabou, os convidados já partiram, mas a casa ficou uma sujeira e tomará muito tempo até que a equipe de limpeza recolha todo o lixo e organize tudo em seus devidos lugares. E o tempo desta reorganização dependerá do número de pessoas envolvidas neste processo e dos materiais disponíveis para tal”, conclui Selma Merenlender.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

#Síndrome de dor miofascial: pontos-gatilho miofasciais e seu papel no #tratamento da cefaleia

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Mecanismos vasculares, centrais e periféricos têm sido ligados à patofisiologia das cefaleias primárias, em especial a migrânea. A ocorrência de dolorimento pericraniano espontâneo e à palpação em pacientes com migrânea é descrita na literatura, o que leva à suposição de que mecanismos miofasciais possam estar ligados à gênese da migrânea de alguma maneira.

 

Dor miofascial

O conhecimento sobre a dor miofascial ganhou impulso a partir da década de 1950 a partir dos trabalhos de alguns médicos, entre eles a Dra. Janet Travell, que depois veio a escrever o livro que é referência na área até os dias de hoje. A dor miofascial é fonte de nocicepção concomitante a várias condições clínica, desde quadros de lombalgia até disfunções orofaciais, por exemplo.

Como o próprio nome diz, dor miofascial significa dor proveniente de músculos e tecidos conjuntivos e um de seus atributos principais é a existência de pontos gatilho miofasciais. Esses pontos gatilho são pontos irritáveis ​​dentro de bandas anormais de músculo ou fáscia que, quando pressionados, causam dor local e dor referida com padrões específicos para cada músculo, e que quando palpados exacerbam ou reproduzem a experiencia de dor reportada pelo paciente.

Quando comparamos controles saudáveis com pacientes diagnosticados com migrânea, a coexistência de dor miofascial parece correlacionar-se tanto com a gravidade das crises, quanto com a cronicidade da cefaleia. A abordagem concomitante da dor miofascial em pacientes que realizam tratamento para quadros crônicos de cefaleia também parece promover benefícios adicionais no controle da doença. Os músculos mais comumente afetados por dor miofascial em pacientes com cefaleia são trapézio, esternocleidomastoideo, temporal e masseter.

 

Tratamento da cefaleia

Entre especialistas em cefaleia, o tratamento concomitante da dor miofascial em pacientes com cefaleia do tipo tensional e migrânea pode chegar a 81.5% e 67.7% dos pacientes tratados, respectivamente. Assim, em publicação recente, a American Headache Society concluiu que muitos cefaliatras utilizam o tratamento da dor miofascial no auxílio do controle da dor e incapacidade em pacientes com cefaleia de diferentes origens e, apesar da relativa escassez de dados sobre eficácia, quando realizado de maneira apropriada, com adequada seleção de pacientes e com as conhecimento anatômico e experiência técnica adequadas, o agulhamento miofascial parece ter um papel no tratamento adjuvante das cefaleias primárias.

Portanto, a disfunção miofascial, além de ser clinicamente relevante em diversas condições de dor musculoesquelética, parece ter algum papel no tratamento adjuvante de cefaleias primarias como a migrânea. Assim, deve-se considerar a contribuição dos pontos-gatilho miofasciais para a dor e incapacidade do paciente através de um histórico médico cuidadoso e de um exame físico específico. Em geral, pacientes com pontos-gatilho miofasciais se beneficiarão de um plano de tratamento multimodal, incluindo o agulhamento miofasical e técnicas de terapia manual.

Eu e outros especialistas da área conversaremos sobre dor miofascial, diagnóstico e tratamento, no “I Summit Brasileiro de Dor Miofascial”.

Autor:

João Paulo Bittar

Médico Especialista em Acupuntura pela Associação Médica Brasileira (AMB) ⦁ Diretor da Myomed Brasil

Referências bibliográficas:

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