Milão — A atualização das diretrizes sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST) aborda uma série de manifestações dermatológicas que nem sempre fazem parte das recomendações de outras especialidades médicas, como foi dito aos participantes do World Congress of Dermatology 2019.
O diagnóstico e o tratamento de nódulos e lacerações genitais são necessários, disse o Dr. Marco Cusini, médico da Fondazione IRCCS Ca’ Granda Ospedale Maggiore Policlinico de Milão, que estava no congresso representando a International Union Against Sexually Transmitted Infections(IUSTI), que publicou recentemente essas diretrizes no periódico J Eur Acad Dermatol Venereol. publicado on-line em 10 de abril de 2019.
Embora os dermatologistas desempenhem um papel crucial na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de uma ampla gama de DST, tem havido diminuição do número de dermatologistas especializados em DST, afirmou Dr. Marco, acrescentando que os dermatologistas podem enfrentar disputas ásperas com especialistas em imunologia, urologia, ginecologia e doenças infecciosas.
“O futuro é encontrar uma maneira de trabalhar juntos, não de entrar em confronto”, disse o Dr. Marco.
Os médicos que tratam DST precisam levar em consideração as características sociais do paciente e as políticas públicas de saúde de cada país ou centro de atendimento, acrescentou.
Na Itália, e em muitos outros países, você não pode tratar nenhum paciente com menos de 18 anos sem a permissão por escrito de ambos os pais, disse o Dr. Marco.
“Isso faz muita diferença”, explicou o médico. “Adultos jovens e adolescentes são dois dos principais grupos de risco de DST. Isto pode ser um obstáculo ao tratamento.”
Populações de alto risco
Um aspecto importante da atualização das diretrizes da IUSTI é insistir que os médicos dediquem atenção especial a várias populações de alto risco, disse ao Medscape o Dr. Marco. Os profissionais do sexo, os gays e as pessoas trans, todos têm risco de DST. A atualização agrega informações sobre como tratar os pacientes transexuais.
“Algumas pessoas são difíceis de alcançar, e elas são o núcleo da epidemia”, explicou o médico.
As diretrizes sugerem que, ao tratar de pacientes transexuais, os médicos considerem a possibilidade de este paciente ter tido uma combinação de parceiros sexuais – homens, mulheres, cis ou trans – e de homens trans, que não tenham feito a cirurgia de redesignação de sexo, estarem em risco de uma gravidez indesejada, e também atentarem para o fato de que as pessoas trans precisam fazer exames preventivos de saúde, em conformidade com a sua anatomia e fisiologia.
“Devemos lembrar que estamos diante de um paciente, não de uma doença.”
Quando as DST estão sendo tratadas tanto por médicos generalistas como por especialistas, as diretrizes são importantes, disse a Dra. Valeria Gaspari, médica do Azienda ospedaliero-universitaria Policlinico Sant’Orsola Malpighi, em Bolonha, na Itália, que codirigiu a sessão das diretrizes.
“Diretrizes têm o objetivo precípuo de orientar o médico a encontrar uma solução”, disse Dra. Valeria.
No entanto, é importante ver os pacientes como indivíduos. “Devemos lembrar que estamos diante de um paciente, não de uma doença”, acrescentou a médica.
Os médicos precisam ir além das diretrizes, afirmou a Dra. Elise Bassi, médica dermatologista em Milão, que assistiu à sessão.
A Dra. Elise disse que não atende muitos pacientes com DST, por isso usa as diretrizes italianas e europeias. Essas diretrizes dão informações claras sobre como tratar os pacientes.
“Eu uso as diretrizes para escolher o tratamento”, explicou a Dra. Elise. “As outras partes da consulta são pessoais.”
Dr. Marco Cusini, Dra. Valeria Gaspari e Dra. Elise Bassi informaram não ter conflitos de interesses relevantes.
World Congress of Dermatology (WCD) 2019. Apresentado em 11 de junho de 2019.
© 2019 WebMD, LLC
Citar este artigo: Publicadas as novas diretrizes sobre doenças sexualmente transmissíveis – Medscape – 27 de junho de 2019.