Mês: agosto 2017

#Pericardite aguda: quando a dor torácica não é uma síndrome coronariana aguda

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homem com as duas mãos sobre o peito com dor

Pericardite aguda: quando a dor torácica não é uma síndrome coronariana aguda

A procura por unidades de emergência tem diversos motivos, mas um dos mais assustadores para médicos e pacientes é a dor torácica. Um paciente com uma dor torácica aguda deve ser avaliado rapidamente, visto que as etiologias incluem doenças com alta letalidade.

O atendimento inicial inclui a história direcionada para a dor (localização, irradiação, como foi seu início, duração, tipo de dor, intensidade, fatores desencadeante e de melhora, se ela já ocorreu antes), uma história medicamentosa com questionamento ativo sobre uso de sildenafil, cocaína ou similares, exame físico com atenção particular aos aparelhos respiratório e cardíaco, e aferição dos sinais vitais, incluindo avaliação da pressão arterial em mais de 1 membro.

Pelo risco de síndrome coronariana aguda, devemos sempre realizar um eletrocardiograma (idealmente com menos de 10 minutos), e a radiografia de tórax auxilia, principalmente, na avaliação das causas cardíacas e pulmonares. Além disso, os marcadores de necrose miocárdica, como troponina e CKMB, também são fundamentais nessa avaliação.

Com essas informações em mãos, podemos definir ou, pelo menos, estreitar nossas possibilidades diagnósticas. Tanto o ECG e os marcadores de necrose miocárdica podem estar elevados em situações que não envolvem doenças coronarianas, e devemos estar atentos a essas outras possibilidades. Uma etiologia para dor torácica que pode alterar esses exames é a pericardite aguda.

Uma observação importante é saber que as doenças pericárdicas englobam pericardites agudas, crônicas e recorrentes, miopericardite, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco e pericardite constritiva. Cada uma dessas doenças tem particularidades, apesar delas poderem representar um espectro evolutivo. Por exemplo, uma pessoa com pericardite aguda tuberculosa pode evoluir para pericardite constritiva tuberculosa ou se apresentar apenas no segundo momento.

Introdução

Apesar da incidência de pericardite aguda ser difícil de ser avaliada, já que pode ser leve e fazer com que a pessoa não procure atendimento, pode chegar a 5% dos atendimentos de dor torácica não isquêmica numa emergência e predomina nos homens.

A pericardite aguda possui muitas etiologias (tabela 1), mas costuma ser idiopática em 80-90% dos casos atendidos nos países desenvolvidos. Muitas etiologias virais não são frequentemente avaliadas no atendimento cotidiano pela pouca disponibilidade de exames complementares para isso, os custos associados, e a ausência de tratamentos específicos.

Estima-se que a maior parte das etiologias idiopáticas sejam por vírus não testados. Antes do desenvolvimento e disseminação dos antibióticos, a etiologia purulenta bacteriana era mais frequente, mas esses pacientes são raros nos dias atuais. Devemos sempre estar atentos para mulheres jovens com pericardite aguda, já que essas pacientes podem estar abrindo um quadro autoimune, como lúpus eritematoso sistêmico.

A elevação dos marcadores de necrose miocárdica indica envolvimento miocárdico, mas é infrequente que esses pacientes apresentem redução na fração de ejeção do ventrículo esquerdo e uma insuficiência cardíaca.

Diagnóstico

O diagnóstico é pautado na combinação de 2 dos seguintes itens: dor torácica típica de pericardite; ausculta de atrito pericárdico; alterações eletrocardiográficas típicas; visualização de um derrame pericárdico.

A dor típica da pericardite é em pontada paraesternal e que piora com as ventilações realizadas, simulando uma dor pleurítica, e que pode irradiar para a borda do trapézio. Ela ainda melhora com a posição sentada ou inclinada para frente (posição da prece maometana) e piora com o decúbito horizontal. O atrito pericárdico é um som que pode ser composto por 3 fases e ele deve ser pesquisado com atenção em diversas posições e diversas vezes, pois pode ser discreto, depender de alguma posição específica ou mesmo intermitente.

Os pacientes costumam apresentar ainda sintomas gripais que antecedem o quadro, e febre baixa é frequente na avaliação inicial. Porém, pacientes toxêmicos ou com febres acima de 38,5ºC devem ser avaliados para etiologias bacterianas.

O eletrocardiograma possui 4 estágios bem caracterizados, mas não necessariamente observados em todos os pacientes. No primeiro estágio, com duração de horas, há o clássico achado de elevação difusa do segmento ST com uma onda T positiva. É importante salientar outros achados que ajudam a corroborar que a elevação do segmento ST é por uma pericardite.

  • O segmento ST costuma estar normal ou infradesnivelado em aVr e/ou V1
  • O segmento PR costuma estar supradesnivelado em aVr e/ou V1, e infradesnivelado nas demais derivações

Sendo assim, os achados típicos podem ser resumidos em taquicardia sinusal (pela inflamação), supradesnivelamento do segmento ST difusamente com infradesnivelamento do segmento PR associado, e achados inversos em aVr e V1.

Ainda assim, algumas vezes, podemos ficar na dúvida se os achados encontrados são de uma pericardite ou de uma síndrome coronariana, até porque não é obrigatório que uma pericardite tenha um supradesnivelamento difuso do segmento ST. Para auxiliar nessa diferenciação, podemos prestar atenção no seguinte:

  • Quando o supradesnivelamento ocorre localizado apenas na parede inferior (DII, DIII, aVF), a presença de infradesnivelamento do segmento ST em aVl deve apontar etiologia isquêmica.
  • Pacientes com etiologia isquêmica associam QRS mais largos e intervalos QT mais curtos quando comparamos as derivações com os maiores supradesnivelamentos com as demais derivações.

Por sua vez, o ecocardiograma pode demonstrar derrame pericárdico e é uma importante ferramenta na avaliação de restrições que possam gerar um quadro de tamponamento cardíaco. Além disso, um pequeno estudo recente ainda deixa a sugestão de que a presença de dor quando o probe é colocado no 5º espaço intercostal esquerdo teria boa sensibilidade e especificidade (cerca de 90% para ambos).

Tratamento e evolução

No caso de haver uma etiologia específica, o tratamento deve ser direcionado a ela. Na maior parte dos casos (viral e idiopática) o tratamento consiste em sintomáticos.

No Brasil, dispomos da dipirona para auxílio no manejo da dor. Ela deve ser associada ainda a um anti-inflamatório não esteroidal (AINE), o mais usado e estudado fora do Brasil é o ibuprofeno. Uma de suas vantagens é a possibilidade de titularmos sua dose, mas, geralmente sua dose inicial é de 600-800mg a cada 6-8 horas. O AINE deve ser mantido por 2 semanas.

Além disso, existe discussão acerca do papel da colchicina, mas alguns trabalhos mostram que ela reduz o tempo de doença e a sua recorrência. Por isso, existe a recomendação de tratamento ajustado pelo peso durante 3 meses.

Existe uma preocupação com a possibilidade de lesão de mucosa gástrica pela associação prolongada de AINE em altas doses e colchicina. Alguns médicos optam, então, por introduzir também um inibidor de bomba de prótons (como o omeprazol) durante o tratamento.

A maior parte dos pacientes tem boa evolução. Porém, devemos estar atentos para complicações, como o tamponamento cardíaco e a pericardite constritiva (mais comum nas etiologias tuberculosa e actínica).

Outra possibilidade é a recorrência e a persistência da pericardite. Os pacientes que após 1 semana permanecem necessitando de mais analgésicos, febris ou que tiveram piora da febre, devem ser reavaliados sobre a etiologia da doença e podem necessitar de glicocorticoides na sua prescrição. Por sua vez, recorrência é mais comum nas mulheres e naqueles que não respondem ao tratamento inicial, e ela deve indicar a reintrodução imediata de AINE e colchicina.

Tabela 1: etiologias da Pericardite Aguda
Idiopática
Infecciosa

  • Viral (Coxsackievirus, Echovirus e outros)
  • Bacteriana
  • Tuberculosa
  • Fúngica
  • Protozoária
Pós infarto agudo do miocárdio

  • Recente
  • Tardio (síndrome de Dressler)
Traumática
Maligna

  • Primária do pericárdio: angiossarcoma, mesotelioma
  • Secundária/metastática: pulmão, mama, osso, linfoma, melanoma
Doenças do colágeno

  • Artrite reumatoide
  • Lúpus eritematoso sistêmico
Doenças inflamatórias e infiltrativas

  • Sarcoidose
  • Amiloidose
  • Febre familiar do Mediterrâneo
  • Síndrome periódica associada ao receptor do fator de necrose tumoral (TRAPS)
Metabólicas

  • Uremia
  • Hipotireoidismo
Farmacológicas

  • Doxorrubicina
  • Hidralazina
  • Minoxidil
  • Fenitoína
  • Isoniazida
Após procedimentos

  • Actínica (após radioterapia torácica)
  • Cateterização cardíaca
  • Passagem de marcapasso

 

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#Carcinoma papilar da tireoide

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Carcinoma papilar da tireoide

    Resultado de imagem para carcinoma papilar tireoide

    Definição

    A glândula tireoide tem o formato de uma borboleta e está situada acima da clavícula, no centro do pescoço. Sua função é secretar hormônios que ajudam a regular o metabolismo e crescimento.

    Ao sentir algum caroço estranho no pescoço, deve-se entrar em contato com o médico, pois isso pode indicar que há algum problema na tireoide. Na maioria das vezes, o caroço é benigno e inofensivo, sendo um simples acúmulo de células da tireoide que formou uma massa de tecido. No entanto, às vezes o caroço é um carcinoma papilar da tireoide.

    O carcinoma papilar da tireoide é o tipo mais comum de câncer da tireoide. De acordo com o Centro Médico da Universidade de Maryland nos EUA (University of Maryland Medical Center), cerca de 80% dos carcinomas de tireoide são papilares (UMM). Esse tipo de câncer pode ser diagnosticado em qualquer época da vida, mas geralmente ocorre em adultos com mais de 45 anos de idade.

    O carcinoma papilar da tireoide é um câncer de crescimento lento e, em geral, se desenvolve em um só lobo da glândula tireoide. Quando diagnosticado nos estágios iniciais, a taxa de sobrevida é muito alta e a maioria dos pacientes é curada.

    CAUSAS

    Causas

    Não se conhece a causa exata do carcinoma papilar da tireoide. Pode ser que exista o envolvimento de uma mutação genética, mas é necessário mais pesquisas para confirmar essa hipótese.

    Um fator de risco é a exposição a tratamento por radiação no pescoço. Adultos que durante a infância foram expostos à radiação estão sob risco maior da doença.

    Sintomas

    Em geral, esse câncer é assintomático (não apresenta sintomas). As pessoas podem sentir um caroço na tireoide, mas a maioria dos nódulos na tireoide não são malignos. Ao se perceber um caroço, deve-se entrar em contato com um médico. O médico fará um exame e, se necessário, solicitará alguns testes para fazer um diagnóstico correto.

    Diagnóstico

    O carcinoma papilar da tireoide pode ser diagnosticado por meio de vários testes. Primeiro, faz-se um exame clínico para verificar se há algum inchaço na glândula tireoide ou em tecidos vizinhos.

    Exames de sangue

    Os níveis do hormônio estimulador da tireoide (TSH) podem ser avaliados por exames de sangue. O TSH, um hormônio produzido pela glândula hipófise (anteriormente conhecida como pituitária), tem como função estimular a liberação de hormônios da tireoide. Níveis de TSH muito altos ou muito baixos podem causar suspeitas.

    Ultrassom

    Pode-se realizar também um exame da tireoide por ultrassom. O exame por imagem permite ao médico visualizar a forma e o tamanho da tireoide, detectar a presença de nódulos e determinar se os nódulos são formados por massas sólidas ou preenchidos com líquido. Em geral, os nódulos preenchidos com líquidos não têm natureza cancerosa, ao passo que os sólidos têm maior probabilidade de serem malignos.

    Exames por imagem da tireoide

    Os médicos às vezes solicitam algum exame por imagem da tireoide. Para esse exame, o paciente toma, por via oral, uma pequena quantidade de um corante radioativo que será absorvido por algumas células da tireoide. Ao examinar a área do nódulo na imagem, o médico poderá verificar se é um nódulo quente ou frio. Os nódulos quentes são aqueles que capturam maior quantidade do corante que os tecidos vizinhos e quase sempre não são cancerosos. Os nódulos frios não captam tanto corante quanto os tecidos vizinhos e têm menor probabilidade de serem benignos, embora apenas uma pequena percentagem é comprovadamente um câncer (AAES).

    Biopsia

    Pode-se fazer uma biopsia para obter um pequeno pedaço de tecido da tireoide. O tecido poderá, então, ser examinado ao microscópio para estabelecer um diagnóstico definitivo de câncer. A biopsia pode também ser usada para diagnosticar o tipo de câncer presente. Pode-se fazer a biopsia usando uma agulha de aspiração fina ou por cirurgia, se for necessário obter uma amostra maior. É comum que, durante a cirurgia, o médico retire uma porção maior da tireoide, ou até decida retirar toda a tireoide, se julgar necessário.

    O paciente que tiver questões ou queira elucidar dúvidas, deve conversar com o médico antes de fazer a biopsia (ou outros exames). Antes de efetuar qualquer tipo de cirurgia, o médico deverá explicar ao paciente se, como consequência da cirurgia, será necessário tomar medicamentos por longo prazo e quais serão esses medicamentos.

    Estágios

    Uma vez feito o diagnóstico, o câncer será classificado em estádios (ou estágios). Estadiamento é o termo usado pelos médicos para categorizar a gravidade da doença e estabelecer o tratamento necessário. O estadiamento para o câncer de tireoide é diferente daquele realizado para outros tipos de câncer. Há ainda estágios de I a IV, em ordem crescente de gravidade, mas o estadiamento também leva em consideração a idade do paciente e o subtipo de câncer de tireoide. O estadiamento do câncer papilar de tireoide é o seguinte (ACS, 2012):

    Pacientes com menos de 45 anos de idade

    Estádio I: Nesse estádio, o tumor pode ter qualquer tamanho, pode se limitar à tireoide, mas também se disseminar para os tecidos e linfonodos (nódulos linfáticos) vizinhos. O câncer não atingiu outras partes do organismo.

    Estádio II: Neste estádio, o tumor pode ter qualquer tamanho e o câncer já se disseminou para alguma outra parte do organismo, como pulmões ou ossos. Pode também ter se disseminado para os linfonodos.

    Observação: Não há estádios III ou IV para pacientes com câncer papilar de tireoide e com menos de 45 anos de idade.

    Pacientes com mais de 45 anos de idade

    Estádio I : Neste estádio, o tumor tem menos de 2 cm e o câncer só é observado na tireoide.

    Estádio II: Neste estádio, o tumor tem entre 2 cm e 4 cm e é encontrado somente na tireoide.

    Estádio III: Há duas opções: A) o tumor tem mais de 4 cm mas encontra-se somente na tireoide, ou o tumor pode ter qualquer tamanho e o câncer está disseminado em tecidos vizinhos, mas não atingiu os linfonodos; ou B) o tumor pode ter qualquer tamanho e o câncer se disseminou para os tecidos vizinhos E para os linfonodos perto da traqueia ou laringe

    Estádio IV: O estádio IV é o mais complicado e é dividido em três subestádios: IVA, IVB e IVC:

    •  No estádio IVA, pode ocorrer uma de duas alternativas: A) o tumor tem qualquer tamanho e o câncer está disseminado para tecidos sob a pele, traqueia, esôfago, laringe e/ou para os nervos recorrentes da laringe; o câncer também pode ter se disseminado para os linfonodos vizinhos; ou B) o tumor tem qualquer tamanho, o câncer se disseminou para os tecidos vizinhos e também para os linfonodos existentes em um ou em ambos os lados do pescoço ou nos linfonodos entre os pulmões.
    •  No estádio IVB, o câncer já está espalhado no tecido em frente da coluna vertebral e ao redor da artéria carótida, ou nos vasos sanguíneos entre os pulmões. O câncer pode também ter se disseminado para os linfonodos.
    •  No estádio IVC, o tumor tem qualquer tamanho e o câncer pode ter se disseminado para qualquer outra parte do organismo, inclusive para os pulmões, ossos e linfonodos.

    Tratamento

    De acordo com o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (National Cancer Institute), o tratamento padrão para o câncer papilar da tireoide inclui cirurgia, tratamento com hormônios da tireoide e terapia com iodo radioativo (NCI). Outros tipos de tratamento, como a quimioterapia e radioterapia externa, são usuais no tratamento de outros subtipos de câncer.

    Cirurgia

    A cirurgia de câncer de tireoide pode remover parte ou a totalidade da tireoide. É realizada por uma incisão no pescoço com o paciente sob sedação. Após a cirurgia, o paciente pode necessitar suplementos de hormônios da tireoide pelo resto da vida.

    Tratamento hormonal

    O tratamento com hormônios da tireoide envolve a ingestão diária de pílulas de hormônio da tireoide. Além de ser necessário para repor os hormônios que seriam produzidos naturalmente pela tireoide, esse tratamento também pode diminuir o crescimento de qualquer célula cancerosa remanescente no organismo após a cirurgia.

    Terapia com iodo radioativo

    A terapia com iodo radioativo envolve o consumo de material radioativo com I-131. Antes da terapia, o paciente deverá ter uma dieta pobre em iodo durante algumas semanas. O paciente deve também informar o médico se fez alguma tomografia computadorizada (TC) durante os últimos seis meses antes da terapia, porque alguns testes de imagem usam iodo no material de contraste. O medicamento com I-131 é administrado como líquido ou cápsula e pode, portanto, ser normalmente dado em ambiente ambulatorial. O I-131 trafega até as células cancerosas da tireoide e essas células morrem quando ficam preenchidas até o seu limite com I-131. A maior parte do componente radioativo do medicamento é eliminada em uma semana.

    Os pacientes devem conversar com seus médicos sobre os planos de tratamento a serem seguidos, o curso esperado do tratamento, os riscos e efeitos colaterais e os planos de longo prazo.

    Perspectiva

    De acordo com o Centro Médico da Universidade de Maryland, o câncer papilar da tireoide tem um prognóstico muito bom: mais de 95% dos pacientes sobrevivem pelo menos 10 anos após o diagnóstico (UMM).

    HealthLine

    #A maioria dos melanomas surge de novas lesões na pele, indica estudo

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    médico segurando uma lupa e examinando a pele do paciente

    A maioria dos melanomas surge de novas lesões na pele, indica estudo

     

    A maior parte dos melanomas surge de novas lesões na pele, e não de nevos preexistentes, como se pensava, revela um novo artigo publicado no Journal of the American Academy of Dermatology.

    Para chegar nessa conclusão, pesquisadores realizaram uma revisão sistemática e meta-análise para determinar a incidência e prevalência de melanomas associados a nevos. Além disso, também foi feito uma subanálise considerando idade, espessura do tumor e classificação do nevo.

    Em 38 estudos observacionais de coorte e caso-controle, 29,1% dos melanomas provavelmente surgiram de um nevo preexistente e 70,9% de novas lesões. Qualquer melanoma foi 64% menos propenso a estar associado a um nevo preexistente (hazard ratio [HR] = 0,36, intervalo de confiança [IC] de 95%: 0,29-0,44; P <0,001; I2 = 99%).

    Melanomas associados a nevos preexistentes apresentaram menor espessura média de Breslow (diferença média de -0,39 mm; IC de 95%: -0,60 a -0,18; P = 0,0003; I2 = 66%). Não foram observadas diferenças significativas quanto à associação de melanomas de nevos preexistentes com nevos displásicos ou não displásicos ([HR] = 0,77, IC de 95%: 0,49-1,20; P = 0,24; I2 = 98%).

    Os pacientes cujos melanomas surgiram de um nevo preexistente eram significativamente mais jovens (em aproximadamente 4,9 anos; P <0,001). Não foram observadas diferenças significativas em relação ao sexo na incidência de ambos os tipos de melanoma.

    Para os pesquisadores, esses achados são muito importantes para os profissionais de saúde, pois implicam que qualquer nova lesão em adultos deve ser considerada suspeita e investigada.

     

    Referências:

    #Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um diagnóstico válido para adultos?

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    #Immediate postpartum IUD insertion shows no effect on #breastfeeding

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    No difference was seen in milk production or ability to breastfeed between women who had immediate or delayed insertion of levonorgestrel intrauterine device.
    Immediate postpartum insertion of a levonorgestrel intrauterine device (IUD) has no negative impact on breastfeeding or lactation ability, according to new research.
    The study, published in the American Journal of Obstetrics & Gynaecology , examined the effect of immediate versus delayed postpartum levonorgestrel IUD insertion on breastfeeding outcomes.
    Reports of any breastfeeding in the group who had had immediate insertion were similar and non-inferior to the delayed group, at 79 per cent vs 84 per cent, respectively. The mean time to lactogenesis in the immediate group, 65.3 hours, was non-inferior to that of the delayed group, at 63.6 hours. There was a higher rate of expulsions in the immediate group compared with the delayed group, at 19 per cent vs two per cent, respectively.
    The authors say these results of non-inferior breastfeeding outcomes between women with immediate and delayed postpartum levonorgestrel IUD insertion suggest that immediate postpartum IUD insertion is an acceptable option for women planning to breastfeed and use the levonorgestrel IUD. The disadvantage of the heightened risk of expulsion may be outweighed by the advantages of immediate initiation of contraception. They conclude that providers should offer immediate postpartum IUD insertion to breastfeeding women planning to use the levonorgestrel IUD.

    #Un niño toma unos 150 gramos de #azúcar al día cuando la #OMS recomienda 35

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    No se terminan de hacer programas escolares de alimentación correctos.

    No se terminan de hacer programas escolares de alimentación correctos.

    José Liétor Gallego, doctor de Biología de la Universidad de Jaén, ha estimado en torno a los 150 gramos la ingesta de azúcar dentro de la alimentación de un niño, teniendo en cuenta “el pan de molde, el embutido o la lata de refresco” que se suele ingerir en el horario escolar. “Alrededor de 35 gramos es lo que la Organización Mundial de la Salud (OMS) establece como máximo de manera diaria”, ha añadido.
    El investigador, que ha participado con la ponencia ‘Seguridad alimentaria, ¿estamos de broma?’ en los cursos de verano de la Universidad Internacional de Andalucía (UNIA) en Baeza (Jaén), ha aseverado que se debe a “una mala praxis y a una mala cultura” puesto que él considera el azúcar “como algo negativo en términos cuantitativos, no cualitativos”.
    No obstante, Liétor Gallego ha repartido la responsabilidad entre “la del propio consumidor, las empresas, las administraciones públicas, la clase política, los centros educativos y los padres”, por lo que ha destacado que “el consumidor especialmente” debiera tomar “mayor consideración al ver qué es lo que come” pues “tiene más que perder”.
    El experto también ha destacado como otro problema además de la cultura general, “la connivencia entre el poder público y las empresas del sector” pues “no se terminan de hacer programas escolares de alimentación correctos”, por lo que “persiste la duda de que parece haber un cierto interés en que sea así”.
    “Lo que se hace al fin y al cabo recae en un profesor o en un instituto que se presta a mejorar de manera rudimentaria prácticamente la cultura alimentaria de los niños”, ha asegurado. “La batalla en el hogar está perdida porque la familia es difícil que se siente a hablar de nutrición” aunque, sin embargo, propone “ir a comprar con los niños a la tienda del barrio y enseñarles a mirar la etiqueta y a escoger uno u otro producto” ya que “siendo de salud de lo que hablamos más vale ser crítico que ser inconsciente”.
    En cuanto a la seguridad alimentaria, Liétor Gallego ha señalado incidencias recientes como los pesticidas que han afectado a huevos en Holanda llamando la atención en que “problemas como estos siguen sucediendo aún teniendo en cuenta que en Europa es donde más controles hay”.
    En relación a los transgénicos, el biólogo se declara “contrario a ellos en el plano ambiental por la pérdida de biodiversidad y por las consecuencias de contaminación en otras especies”, aunque destaca a las autoridades europeas por su actuación “de cortafuegos”.
    Sin embargo, él mismo ha matizado su postura mostrando su oposición a lo que denomina “transgénicos de diseño para pijos” puesto que, a su juicio, se debe aspirar a “una transgenia que no sea frívola y que pueda ayudar a solucionar problemas como la pobreza” y de la que ha valorado “su positiva aplicación en la insulina”.
    “Es preferible consumir alimentos naturales que tienen las mismas propiedades que transgénicos que han sido modificados artificialmente”, ha asegurado, “aunque ello no tiene por qué significar que sea perjudicial, pero cuanto más natural sea lo que se coma, mejor”.

    #Medicamentos contra el #cáncer pueden reactivar el #VIH (Mol Cell)

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    Revelan un mecanismo que controla la latencia del VIH.

     Las personas que viven con el virus de la inmunodeficiencia humana (VIH) deben tomar una combinación de tres o más medicamentos diferentes cada día durante el resto de sus vidas. Desafortunadamente, siguiendo este estricto plan de tratamiento, pueden sufrir efectos secundarios que van desde mareos leves hasta daño al hígado potencialmente mortal; pero si dejan de tomarlos, el virus que se esconde dentro de sus células puede resurgir espontáneamente.
    De hecho, el VIH latente, que puede ocultarse en las células durante muchos años, es una barrera crítica para una cura. Los investigadores están explorando dos estrategias principales para abordar este problema: reactivar y destruir el virus latente (una estrategia llamada “choque y matanza”) o encontrar una manera de silenciarlo para siempre.
    En un esfuerzo por abordar ambas estrategias, un equipo de científicos de los Gladstone Institutes, en San Francisco, California, Estados Unidos, estudia fármacos que interrumpen la latencia y que eventualmente podrían utilizarse para tratar a pacientes infectados. Recientemente descubrieron cómo un nuevo fármaco llamado JQ1, que actualmente se encuentra en ensayos de cáncer humano de fase temprana, puede reactivar el VIH latente.
    “Nuestro descubrimiento nació de la frustración”, explica la investigadora principal de Gladstone, Melanie Ott, cuyo trabajo se detalla en un artículo publicado en la revista “Molecular Cell”. “Ya sabíamos que el fármaco JQ1 tiene como objetivo una proteína llamada BRD4, pero nuestros experimentos no dieron resultados consistentes, luego empezamos a buscar diferentes formas de la proteína e inesperadamente encontramos que una forma corta era la clave para silenciar el VIH”, añade.
    Al identificar este nuevo papel para la forma abreviada de BRD4, el equipo de Ott podría finalmente explicar un mecanismo que controla la latencia del VIH. Estos expertos mostraron que el fármaco JQ1 se dirige y elimina la forma corta de BRD4, que luego permite que el virus haga copias de sí mismo.
    “Muchas personas en el campo ni siquiera saben que existe una forma corta de BRD4 –señala Ryan Conrad, un erudito posdoctoral en el laboratorio de Ott y primer autor del estudio–. Al identificar el papel de esta proteína en el VIH, descubrimos que también puede estar involucrada en la lucha contra otros virus relacionados con el VIH. Por lo tanto, nuestros hallazgos podrían proporcionar nuevas perspectivas de un antiguo mecanismo de defensa celular contra los virus invasores”.
    El estudio también podría afectar a una gama más amplia de enfermedades, ya que el fármaco JQ1 ya está siendo probado como una forma de dirigirse a la proteína BRD4 para tratar el cáncer, la insuficiencia cardiaca y la inflamación.
    Muchos científicos se concentran en la estrategia de “activar y matar” como una forma de curar el VIH, pero cada vez más de ellos están cambiando su enfoque a silenciar el virus. El mecanismo descubierto en Gladstone puede apoyar ambas estrategias: manipular la proteína BRD4 para ayudar al resurgimiento del VIH o para fortalecer la capacidad del cuerpo de suprimirlo.
    “Silenciar y reactivar el VIH a menudo son vistos como enfoques competitivos, pero creo que en realidad podrían combinarse para desarrollar terapias más efectivas en el futuro”, agrega Ott, también profesora en el Departamento de Medicina de la UCSF School of Medicine. “Se podría empezar por activar y matar el virus que es fácil de atacar y, a continuación, utilizar mecanismos de silenciamiento para retardar el resurgimiento de los virus latentes”.
    Esta estrategia podría permitir que los pacientes dejen de tomar fármacos y que transcurran varios años antes de que el virus se reactive. Para entonces, el sistema inmunológico podría ser lo suficientemente fuerte como para eliminar el virus a medida que surja. “Así es como veo el futuro de la investigación de la cura del VIH”, afirma Ott.

    #Chronic sleep deprivation increases risk-seeking behaviour

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    The study is the first to show that a low depth of sleep in the right prefrontal cortex is directly connected with more risk-seeking behaviour.
    Riskier decision-making may be a side effect of chronic sleep deprivation, a new study claims.
    While chronic sleep restriction is highly prevalent, the effects and underlying mechanisms remain largely unknown for a variety of critical cognitive domains, including risky decision-making. Researchers assessed financial risk-taking behaviour in 14 healthy male students aged 28-28 years after seven continuous nights of sleep restriction and after one night of acute sleep deprivation, compared to their regular sleep condition.
    It was seen that one night of sleep restriction had no impact on risk-seeking behaviour, but 11 of the 14 subjects behaved significantly and increasingly riskier as the week of reduced sleep progressed. No impact was seen following one night of acute sleep deprivation.
    Despite researchers observing increased risk-seeking, this increase was not noticed subjectively.
    The potential underlying mechanisms of sleep loss-induced changes to behaviour were also investigated using high-density electroencephalography recordings during restricted sleep. Locally lower values of slow wave energy during preceding sleep, an electrophysiological marker of sleep intensity and restoration, in electrodes over the right prefrontal cortex, were observed in those who engaged in the increased risk-seeking behaviour. This part of the cerebral cortex has already been associated with risk-taking behaviour in earlier studies.

    #Células com HIV são combatidas por proteína presente na flora brasileira

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    Células com HIV são combatidas por proteína presente na flora brasileira
    A Pulchellina, uma proteína originária de Abrus pulchellus tenuiflorus – planta existente na flora brasileira -, foi capaz de combater células infectadas com o Vírus da Imunodeficiência Humana (human immunodeficiency virus – HIV), após ter sido conjugada à ação de anticorpos* usados especificamente na detecção do vírus.

    Dados divulgados pelo Departamento de HIV da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization – WHO) evidenciam que, em 2015, 36,7 milhões de pessoas viviam com HIV. Geralmente, o vírus, que acarreta AIDS (nível avançado da infecção), pode ser transmitido a partir de relações sexuais sem uso de preservativos; uso compartilhado de seringa, agulha ou até de instrumentos cortantes não esterilizados; transfusão sanguínea; e dos processos de gestação, parto ou amamentação.

    O HIV se instala nos glóbulos brancos (leucócitos), células do sistema imunológico que defendem o organismo contra doenças, infecções e outras complicações, liberando proteínas que se distribuem na membrana externa dos leucócitos para enganar o sistema de defesa, transmitindo a mensagem de que as células infectadas estão sadias.

    Existem medicamentos antirretrovirais que atuam na estabilidade do sistema imunológico. Mas, com base em informações divulgadas no portal do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/AIDS e dos Hepatites Virais, o tratamento do HIV/AIDS é complexo, porque, embora aumentem a sobrevida e melhorem a qualidade de vida dos pacientes, os medicamentos que o compõem “precisam ser muito fortes para impedir a multiplicação do vírus no organismo”, podendo ocasionar efeitos colaterais, como, por exemplo, diarreia, vômitos, náuseas, manchas avermelhadas pelo corpo, agitação e insônia.

    A conjugação dos anticorpos com a Pulchellina e os estudos com as células infectadas com HIV foram executados pelo doutorando do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Mohammad Sadraeian, em parceria com um laboratório específico para o desenvolvimento de pesquisas com HIV, no Health Sciences Center da Louisiana State University (EUA). Os anticorpos foram cedidos pelo NIH AIDS Research and Reference Reagent Program, enquanto a linhagem de células infectadas foi doada por Bing Chen, docente do Department of Pediatrics da Harvard Medical School (EUA). Assim que a Pulchellina foi conjugada aos anticorpos, estes a guiaram para dentro dos glóbulos brancos infectados, os combatendo pela ação tóxica da proteína.

    https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/wp-content/uploads/2017/08/

    Prof. Guimarães e Sadraeian

    Antes desse estudo ser iniciado, o docente do Grupo de Óptica do IFSC e orientador de Sadraeian, Prof. Dr. Francisco Eduardo Gontijo Guimarães, já estudava a Pulchellina, em colaboração com a Profa. Dra. Ana Paula Ulian de Araújo, do Grupo de Biofísica Molecular “Sérgio Mascarenhas” do Instituto, sendo que Sadraeian trabalhava com imunoterapia – tratamento fundamentado na aplicação de anticorpos -, no mestrado que desenvolveu na Universidade de Teerã (Irã). Guimarães diz que a ideia de associar a proteína a uma tentativa de combate ao HIV foi uma intuição aparentemente certeira, através da qual Sadraeian iniciará um pós-doutorado no IFSC, visando à avaliação dessa estratégia de combate em escala in vivo, a partir de uma parceria que envolverá o IFSC e a Louisiana State University – neste caso, através de uma colaboração com o docente Seth H. Pincus.

    Mais do que isso, o doutorado de Sadraeian culminará na abertura de uma nova linha de pesquisa no Grupo de Óptica, que por sua vez passará a estudar estratégias para tentar combater o HIV/AIDS e outras complicações, como câncer, associando anticorpos à Terapia Fotodinâmica (TFD), uma técnica que se baseia no uso de luz. O intuito dos pesquisadores de São Carlos, segundo o Prof. Guimarães, é combater o HIV no próprio sangue: a proposta é retirar o sangue infectado do paciente, tratar esse material com anticorpos e aplicação de luz e, então, inserir o sangue tratado no organismo.

    Neste mês, os resultados da pesquisa de doutorado de Sadraeian foram divulgados na Scientific Reports, da Nature. Acesse o artigo AQUI.

    *Anticorpo-HIV 924 anti-gp120 ou MAc 7B2 anti-gp41.

    (Créditos de imagem destacada na página principal: ALAMY)

    A pesquisa descrita nesta matéria de divulgação pode se encontrar em fase inicial de desenvolvimento. A eventualidade de sua aplicação para uso humano, animal, agrícola ou correlatas deverá ser previamente avaliada e receber aprovação oficial dos órgãos federais e estaduais competentes. A responsabilidade pelas informações contidas na reportagem é de inteira responsabilidade do pesquisador responsável pelo estudo, que foram devidamente conferidas pelo mesmo, após editadas por jornalista responsável devidamente identificado, não implicando, por isso, em responsabilidade da instituição.

    Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

    #O PRAZER SEXUAL NA SEGUNDA METADE DA VIDA

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    O PRAZER SEXUAL NA SEGUNDA METADE DA VIDA
    Por Ana Alexandra Carvalheira
    Resultado de imagem para sexualidade na segunda metade da vida

     

    O envelhecimento é uma jornada ao longo do tempo. A sexualidade faz parte dessa jornada, e lá mais para o fim traz uns desafios mais sérios

    Há uns tempos recebi no meu consultório uma mulher de 72 anos que veio pedir-me ajuda para perceber um aspecto da sua vida sexual que atravessava naquele momento. Vamos chamar-lhe Maria. A Maria disse-me de entrada que estava casada há 52 anos e “separada de cama” há 16. Vivia com o marido, mas tinha um namorado com quem estava feliz, apaixonada e com uma vida amorosa e sexual intensa. Disse-me que tinha tudo com ele, dançavam ao fim de semana, onde se conheceram, conversavam muito e tinham relações sexuais com regularidade mas, faltava “uma pequena coisa”, que ela não percebia porque é que faltava. A questão que a assolava e que a trouxe até mim, foi formulada por ela da seguinte forma: “Agora que tenho tudo, estou apaixonada, sou correspondida, estou feliz e tenho um parceiro atencioso que me adora, porque é que eu não consigo ter um orgasmo?”. Perguntei-lhe se apesar de não ter orgasmos tinha prazer sexual. Disse-me que sim, como nunca tinha tido até então, e que esta relação era muito importante para ela porque lhe dava felicidade e realização amorosa e sexual. Contou-me a história da sua vida conjugal, uma história triste, de desamor e alguma violência, onde ela se sentiu negligenciada a todos os níveis e onde o sexo era para ela uma “uma obrigação”. Até que se cansou e mudou de quarto. A sua socialização sexual na década de 50, uma relação de longa duração insatisfatória, e um parceiro conjugal negligente, foram obviamente inibidores do seu prazer sexual. Nunca teve um orgasmo na sua vida.

    Conto esta história porque ilustra bem questões relevantes sobre a sexualidade no envelhecimento. Em primeiro lugar, é preciso dizer que o sexo não acaba com a menopausa nem com a idade, seja ela qual for, nem para os homens nem para as mulheres. Esta história mostra que o prazer sexual é possível lá para o fim da vida, e pode mesmo ser mais intenso do que alguma vez já foi, assim a pessoa queira e se permita. Depende da saúde física e mental e dos fármacos que se tomam, sim, é certo, mas há outras coisas fundamentais. Depende do bem-estar geral, da qualidade de vida e, sobretudo, depende do envolvimento com a vida e da qualidade do parceiro. E este é o segundo aspecto que a história ilustra. Ter um bom parceiro é determinante e pode fazer toda a diferença. Falo de parceiro e parceira, tanto para o homem como para a mulher, e seja um casal heterossexual ou homossexual. E o que é um bom parceiro podemos nós perguntar? É aquilo que for bom para cada um, e para além disso, é um parceiro envolvido, interessado, activo e cuidador do erotismo do casal. Tenho observado na prática clínica algumas mulheres rendidas e a abdicar da sua sexualidade porque a menopausa lhes roubou os estrogénios, o desejo e o interesse sexual. Como se tudo tivesse acabado “por culpa das hormonas” e “da idade”. Mas eis senão quando, a vida dá uma reviravolta, traz um novo parceiro (novo de novidade e não de jovem), e Voilá o desejo sexual a disparar por aí acima. E tudo se transforma numa coisa afinal muito boa. E assim este “factor parceiro” sobrepõe-se ao “factor hormonas”.

    A história da Maria mostra ainda outra coisa extraordinária, que é a capacidade de nos recriarmos na última parte da vida. A Maria teve a coragem de se deixar apaixonar, de se entregar ao amor e de querer e reclamar o prazer sexual a que tem direito, com orgasmo incluído. É como diz Gabriel García Marquez no Amor nos Tempos da Cólera, o amor pode ser tanto mais intenso quanto mais próximo da morte.

    O envelhecimento é uma jornada ao longo do tempo. A sexualidade faz parte dessa jornada, e lá mais para o fim traz uns desafios mais sérios. O maior de todos, talvez seja o investimento erótico na relação. Este acto de cuidar do erotismo do casal depende em grande medida de como foi esse erotismo ao longo da vida. É um acto de vontade, um investimento de inteligência e do querer. Implica conhecer o outro, ir ao encontro do que ele ou ela gosta. Envolve uma série de elementos e componentes como a surpresa, a novidade, a imaginação, a fantasia, a expressão, o jogo, só para citar alguns exemplos. Abrir o baú erótico e desencantar o que lá houver. Partilhar com o outro, criar e recriar o que pode funcionar como estímulo erótico. Até porque os estímulos que funcionavam há 20 ou 40 anos, já não servem agora.

    Outros desafios sérios da sexualidade no envelhecimento passam pelo reconhecimento da inevitabilidade da mudança, sobretudo a mudança do corpo. O potencial atractivo e sedutor desse corpo já não é o mesmo, mas isso não significa que deva ser negligenciado. Cuidar desse corpo onde habitamos e onde vivemos o sexo é uma tarefa importante, tanto para mulheres como para homens. Algumas funções podem estar mais comprometidas e por isso, pode ser preciso dar menos relevância ao coito vaginal. A actividade sexual não se esgota no coito. Outras formas de vivência da sexualidade são possíveis, assim as pessoas permitam e queiram.

    O sexo que se reduz exclusivamente à penetração vaginal é um sexo pobrezinho.

    A jeito de conclusão, os factores essenciais para manter a resposta sexual na idade avançada são uma boa saúde física e mental, um investimento erótico na relação e regularidade na expressão sexual, ou seja, use it or lose it. E ter tido uma vida sexual activa ajuda muito.

    O Professor Félix López, meu mentor de doutoramento, dizia que a sexualidade no envelhecimento é uma sexualidade livre. Livre das preocupações e esforço da actividade profissional, livre do stress do trabalho, livre do cuidar dos filhos, livre da reprodução e livre do coito privilegiado. Liberdades que permitem a diversidade de vivências eróticas. A menos valia relativamente às performances sexuais, obriga à reinvenção do erotismo, que é a energética do desejo, à descoberta de novas formas de prazer. É a intimidade erótica aliada à maturidade e às vantagens da experiência.

    Mas nada disto é obrigatório, não queremos nem devemos impor a ninguém uma sexualidade activa. Cada um tem a sua história e é livre de viver ou não a sua sexualidade e como bem entender. Mas eu cá defendo a ideia do envelhecimento como um período de desenvolvimento como outro qualquer da jornada da vida, em que nos podemos recriar e onde a sexualidade pode ser uma fonte de prazer.

    ANA ALEXANDRA CARVALHEIRA
    AMOR E SEXO
    Ana Alexandra Carvalheira, professora e investigadora no ISPA. Realiza investigação na área da sexualidade, aliada à prática clínica que mantém desde 1997 como psicoterapeuta. É membro da International Academy of Sex Research, foi presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e tem dezenas de artigos publicados em revistas científicas internacionais. O que mais gosta, é do trabalho clínico com os clientes, onde mais aprende e de onde retira as questões que quer investigar.

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