Todos sabem que a prática regular de exercícios físicos pode ajudar a diminuir seu risco de AVC. Agora, uma nova pesquisa mostra que o condicionamento físico pode trazer o bônus de diminuir a gravidade de um AVC caso venha a acontecer.
É o que mostra um estudo de mais de 900 sobreviventes de AVC. Esse estudo observou que pessoas com melhor condicionamento físico tinham uma probabilidade duas vezes maior de ter um AVC leve ao invés de um grave do que pessoas sedentárias.
E não foi encontrado nenhum sinal indicando a necessidade de exercícios pesados. O benefício foi observado em idosos que caminhavam, em média, 35 minutos por dia.
“Permaneça fisicamente ativo. Continue a andar”, aconselhou a pesquisadora sênior Dra. Katharina Sunnerhagen.
Os achados não provam que os exercícios, em si, foram responsáveis, disse Sunnerhagen, professora na Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
Contudo, ela disse que a atividade regular oferece um leque de benefícios à saúde; e que AVCs menos graves pode ser um deles.
Os achados foram publicados on-line em 19 de setembro no periódico Neurology. Eles se baseiam em 925 idosos tratados para AVC no mesmo hospital. Quando os pacientes iniciaram a reabilitação pós-AVC, foi perguntado a eles sobre seus hábitos em termos de exercícios físicos antes do AVC.
Em geral, 48% disseram ser ativos.
A maioria dos pacientes havia sofrido um AVC leve, com base nos testes de movimento, fala e outras habilidades quando foram hospitalizados. Contudo, os achados mostraram ser particularmente provável que pessoas fisicamente ativas tivessem um AVC leve: esse foi o caso de 85% a 89%, versus 73% das pessoas sedentárias.
Naturalmente, poderia haver outras diferenças entre idosos fisicamente ativos e inativos, disse Sunnerhagen.
Contudo, ela acrescentou, sua equipe levou em conta problemas de saúde, como hipertensão arterial e diabetes, bem como idade e tabagismo. No final, a prática de exercícios foi associada a uma chance duas vezes maior de ter um AVC leve em vez de um AVC mais grave.
Os pesquisadores disseram ser importante observar que exercícios “leves” pareceram bastar. A maioria dos adultos ativos praticavam o equivalente a quatro horas semanais de caminhada.
Existem maneiras simples de chegar a níveis leves de atividade física, disse Sunnerhagen.
“Encontre maneiras de incorporar a atividade física na sua vida diária”, disse ela. “Isto poderia significar usar as escadas ao invés do elevador, ir para o trabalho a pé ou de bicicleta.”
Nicole Spartano, professora adjunta de medicina trabalhando em pesquisa na Universidade de Boston, escreveu um editorial publicado com os achados.
Ela disse que “um grande número de estudos” já observou que, para começar, exercícios físicos podem diminuir o risco de sofrer um AVC. Agora existem evidências indicando que também podem diminuir a gravidade do AVC.
Este último estudo tem limitações, salientou Spartano. Para começar, os pacientes foram solicitados a lembrar da sua prática de atividade física antes do AVC, o que pode ser difícil de estimar.
Portanto, é difícil saber qual a melhor “dose” de exercícios, disse Spartano.
Ainda assim, ela concorda que os achados sugerem não ser necessário praticar grandes quantidades de exercícios.
Sunnerhagen sugere que as pessoas encontrem atividades que realmente lhes deem prazer, para que possam praticar esses exercícios durante um longo período.
Pode ser aconselhável que idosos sedentários conversem com seus médicos antes de iniciarem alguma atividade física. Eles também podem considerar útil transformar exercícios físicos em uma atividade social, ela comentou; por exemplo, fazer caminhadas com um amigo ou amiga.
Por que idosos ativos sofrem AVCs menos graves?
Spartano disse que a pesquisa em animais oferece algumas dicas: Exercícios físicos parecem promover “redundâncias” nos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro, significando que várias artérias irrigam a mesma região cerebral.
AVCs ocorrem quando o suprimento de sangue para o cérebro é subitamente reduzido, geralmente por um coágulo em uma artéria. Então, é possível que pessoas ativas tenham maior proteção contra uma lesão cerebral em caso de AVC, disse Spartano.
Mais informações
A American Stroke Association (Associação Americana de AVC) tem conselhos para a redução do risco de AVC.
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