assoalho pélvico

Qual a importância da Fisioterapia Pélvica na gestação?

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A gravidez é um período de intensas alterações musculoesqueléticas, físicas e emocionais.gestante

O fisioterapeuta é capaz de avaliar e monitorar as alterações físicas enfocando em primeiro lugar a manutenção do bem-estar. O fisioterapeuta também é capaz de examinar e tratar a paciente com comprometimentos musculoesqueléticos específicos incorporando o conhecimento de lesão e regeneração dos tecidos ao das alterações que ocorrem durante a gravidez.

Apesar de natural, a gravidez exige alguns novos cuidados para com a saúde. Hoje já é sabido que, dentre estes cuidados, os exercícios para a musculatura do assoalho pélvico (MAP) são indispensáveis.

O assoalho pélvico consiste em múltiplas camadas de músculos que se estendem entre o púbis e o cóccix, formando o suporte inferior da cavidade abdômino-pélvica. O assoalho pélvico feminino dá passagem para a uretra, vagina e o reto. Ilustração-períneo

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Durante a gestação, como se pode imaginar, a sobrecarga na musculatura pélvica é radicalmente aumentada. Afinal, além de sustentar o peso constante dos órgãos pélvicos agora ela precisa sustentar todo o peso do bebê e dos anexos embrionários (placenta, líquido amniótico, etc), durante todo o dia – especialmente quando a mulher está em pé ou sentada. Não só pelo aumento corporal, mas a própria alteração de postura com o aumento do abdômen gera um comportamento de compensação que vai enfraquecer o assoalho pélvico pelo aumento da sobrecarga.

Os músculos do assoalho pélvico têm que possuir uma força funcional. Numa guerra diária contra a gravidade, são eles que sustentam os órgãos pélvicos, o bebê durante a gestação e, por sustentarem a bexiga e vias urinárias e sistema anorretal, são responsáveis pela continência voluntária de urina, gases e fezes. Caso estes músculos estejam enfraquecidos, podem iniciar as disfunções pélvicas, como: os prolapsos pélvicos (os órgãos pélvicos podem acabar descendo, saindo de suas posições normais), incontinências de urina, gases ou fezes de diversos graus, momentâneas ou não.

Apesar dos traumas que podem ocorrer com a musculatura do assoalho pélvico no momento de expulsão do parto poderem predispor às disfunções do assoalho pélvico, evidências crescentes têm mostrado que eles não são os únicos fatores de risco determinantes para sua ocorrência. Existem vários outros fatores de risco obstétricos e neonatais, como: Recém nascido com peso superior à 4kg, segundo estágio de trabalho de parto prolongado, uso de ocitocina e parto vaginal assistido com uso de fórceps ou vácuo-extrator.

A incontinência urinária durante a gestação tem sido apontada como fator que pode predispor à ocorrência de incontinência em algum outro momento da vida da mulher.

Existem algumas evidências de que a prática de exercícios do assoalho pélvico durante a gravidez pode prevenir a incontinência pós-natal, particularmente em mulheres com risco identificado incontinência.

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Visando à prevenção de disfunções pélvicas, tanto na gravidez quanto no pós parto, a Sociedade Internacional de Continência recomenda (Com base em evidências científicas provenientes de estudos de alta qualidade metodológica) que seja realizado um treinamento dos músculos do assoalho pélvico intenso e supervisionado. Quando a disfunção já está instalada, o treinamento muscular é considerado um recurso de tratamento conservador de primeira linha.

Intervenção fisioterapêutica na gravidez

Normalmente  as gestantes buscam o profissional Fisioterapeuta ou são encaminhadas para o acompanhamento fisioterepêutico  para: Preparação para o parto, alívio de dores e desconfortos, prevenção de disfunções, como as musculoesqueléticas e uroginecológicas, ou com o objetivo de realizarem exercícios físicos orientados.

Papel da Fisioterapia Pélvica na preparação para o Parto

Estima-se que a cabeça fetal seja quatro vezes maior que o diâmetro do hiato urogenital, causando expressivo alongamento da musculatura do assoalho pélvico partodurante o período expulsivo. Estes músculos são naturalmente preparados para isso durante a gravidez, pois os hormônios liberados relaxam a musculatura e permitem um maior alongamento muscular. Apesar disso, em determinadas condições, os músculos do assoalho pélvico podem sofrer traumas durante o parto, resultantes de lacerações perineais espontâneas ou de episiotomia.

Para a prevenção dos traumas perineais, podemos utilizar:

  • Massagem perineal
  • EPI-NO –  balão que deve ser posicionado na vagina da gestante e insuflado até o limite individual, mantido por alguns minutos (5 minutinhos são suficientes) e retirado bem lentamente. Pode ser utilizado a partir da 34ª semana.

Músculo preparado corre menos risco de lesão. Assim, a mensagem que fica é que, tanto para o parto normal quanto para a cesariana, a musculatura do assoalho pélvico deve ser preparada e treinada!

Referências:

Baracho, Elza. Fisioterapia Aplicada À Saúde da Mulher – 5ª Ed.

DINIZ, AMARAL. Intervenção Fisioterapêutica para Prevenção e Tratamento da Incontinência Urinária Durante a Gestação: Revisão Da Literatura. 2008.

Hay-Smith J,Mørkved S, Fairbrother KA,Herbison GP. Pelvic floor muscle training for prevention and treatment of urinary and faecal incontinence in antenatal and postnatal women. Cochrane Database of Systematic Reviews 2008, Issue 4. Art.No.: CD007471.

Withford. et al. Pelvic floor exercises and symptoms of urinary incontinence during pregnancy. Midwifery (2007) 23, 204–217

Site:www.perineo.net