#Hipertensão arterial em jovens adultos está ligada a #AVCs precoces

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 Dois novos estudos sugerem que quando pessoas com menos de 40 anos de idade desenvolvem hipertensão arterial, seu risco de doença cardíaca precoce e de AVC aumentam significativamente.

O primeiro estudo observou que, em um grupo com cerca de 5.000 jovens adultos americanos, ter hipertensão arterial estava ligado a um risco até 3,5 vezes maior de doença cardíaca e AVC.

O segundo estudo analisou quase 2,5 milhões de jovens adultos da Coreia e também observou que hipertensão arterial em jovens aumentava seu risco de doença cardíaca prematura e AVC em até 85%.

Os dois estudos se fundamentaram nas novas diretrizes para pressão arterial do Colégio Americano de Cardiologia (American College of Cardiology) e da Associação Americana do Coração (American Heart Association). Estas diretrizes estabelecem um limiar mais baixo para o que se considera como sendo hipertensão arterial. O estágio 1 da hipertensão arterial começa quando a pressão arterial está acima de 130/80 mmHg e se considera estágio 2 quando a pressão arterial se eleva acima de 140/90 mmHg.

Tem havido algum debate sobre se estas novas diretrizes seriam muito rigorosas e elas não foram universalmente adotadas. Elas ainda não estão sendo usadas na Europa, por exemplo.

Contudo, o autor principal do primeiro estudo, Dr. Yuichiro Yano da Universidade de Duke, disse que seus achados mostram que “as novas diretrizes para pressão arterial podem ajudar a identificar jovens adultos com maior risco de eventos cardiovasculares e de mortalidade por todas as causas. As novas diretrizes para pressão arterial parecem razoáveis”.

De acordo com as novas diretrizes, uma pressão arterial normal deve ser menor que 120 (sistólica)/menor que 80 (diastólica).

O coautor do editorial, Dr. Gregory Curfman, editor adjunto do periódico Journal of the American Medical Association, disse que os achados dos dois estudos, com duas populações muito diferentes, são “evidências bastantes fortes” de que as novas diretrizes estão identificando pressões arteriais preocupantemente elevadas em adultos com menos de 40 anos.

O surpreendente nas novas diretrizes é exatamente quantas pessoas têm hipertensão arterial quando se usa o limiar mais baixo. Nos Estados Unidos, as novas diretrizes significam que 46% dos americanos têm hipertensão arterial, tendo aumentado de 32%. Na China, o número atual aumentou de 25% para 50%. E, agora, na Índia, são 43% quando costumavam ser 29%, segundo o editorial.

Uma razão para estas taxas serem tão elevadas é que a hipertensão arterial frequentemente não tem sintomas.

A coautora de Curfman, Dra. Naomi Fisher, da Escola de Medicina de Harvard, disse que, “para muitos pacientes, hipertensão arterial é uma doença abstrata. Diferentemente de um osso quebrado ou de uma dor de cabeça, a hipertensão é quase impossível de visualizar ou localizar. Some isso ao fato de que ela raramente causa sintomas e que lesões provocadas por ela, como infarto do coração e AVC, levam, com frequência, anos para ocorrer, fica fácil entender porque o público pode subestimar a importância de controlar a hipertensão arterial”.

Mas Fisher disse que as pessoas podem fazer muito para controlar a pressão arterial.

“Precisamos nos engajar com nossos pacientes e ajudá-los a entender o poder que eles têm para controlar sua saúde”, disse ela.

Um passo é monitorar regularmente a pressão arterial em casa. Pessoas com hipertensão arterial também precisam “priorizar mudanças para um estilo de vida saudável. Mesmo com medicamentos, é imperativo ter uma vida saudável para controlar a hipertensão. Isto significa dieta saudável e peso saudável, restrição de sódio [sal] e da ingestão de álcool, além de exercícios regulares”, disse Fisher.

“É um trabalho duro”, acrescentou ela, “mas vale a pena”.

Yano comentou que se jovens com hipertensão arterial conseguirem reduzir sua pressão, o risco de doença do coração e AVC também podem diminuir.

As pessoas no estudo de Yano tinham uma idade média de 36 anos no início do estudo. O grupo do estudo estava dividido de forma quase homogênea entre brancos e negros. Cerca de 230 pessoas apresentaram infarto do coração, AVC ou insuficiência cardíaca durante o período de acompanhamento de quase 19 anos.

Pessoas com pressão arterial elevada (120-129/menos que 80 mmHg) apresentaram um risco 67% maior de doença do coração ou AVC. O estudo observou que aqueles com hipertensão arterial estágio 1 (a partir de 130/80) tinham um risco 75% maior e aqueles com hipertensão arterial estágio 2 (a partir de 140/90) tinham um risco 3,5 vezes maior de apresentar uma doença do coração ou AVC em comparação a alguém com pressão arterial normal.

No estudo coreano, a idade média foi de 31 anos de idade. Foram relatados cerca de 45.000 eventos cardiovasculares (doença do coração ou AVC) durante o acompanhamento médio de 10 anos do estudo. Jovens adultos no estágio 1 da hipertensão arterial tinham um risco 25% maior de doença cardíaca ou AVC em comparação àqueles com leituras normais. No caso daqueles no estágio 2 da hipertensão arterial, o risco de doença cardíaca ou AVC foi 76% maior em homens e 85% maior em mulheres.

Os achados dos dois estudos foram publicados na edição de 06 de novembro do periódico Journal of the American Medical Association.

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